HISTÓRIA: Semana Maldita na Globo

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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

HISTÓRIA: Viva a Noite

A festa vai começar no blog ÊHMB De Olho Na TV! Enfim, relatarei a história de um dos meus programas preferidos de todos os tempos da história da televisão brasileira conforme registrei no post "Os Meus Melhores de Todos os Tempos" e então, todo mundo junto comigo com as mãos pra cima e grite: Viva a Noite!!!
Os diretores Homero Salles, Roberto Manzoni e Nelly Raymond (uma argentina que havia trabalhado com Silvio Santos no final dos anos 60 dirigindo o programa Sinos de Belém) estavam elaborando uma ideia de criar um programa de auditório moderno para a época, com uma roupagem mais "jovem" e linguagem simples, dinâmica e versátil, sem deixar de lado a filosofia "popularesca" da programação do SBT de então. Este programa foi inspirado no norte-americano Saturday Night Fever, no mexicano Sabado Fiebre e no argentino Hoy Quien Dança es Usted e estava no novo pacote de programas que o SBT ia lançar após as eleições estaduais de 1982. Estava nascendo o programa mais cultuado e mais lembrado por uma geração que cresceu diante da telinha, o Viva a Noite.

Tema de Abertura do Viva a Noite:
Laerte Freire

Viva a noite! Viva a noite!
Que a nossa festa vai começar
E nesta noite, cante e sorria
Prepare os sonhos de um novo dia
Viva a noite, quanta alegria
E viva a noite, estamos no ar!

Estranhamente, o programa (obviamente gravado) estreou numa terça-feira, 16 de novembro de 1982, em São Paulo, e na quarta, dia 17, no Rio de Janeiro e apresentava três segmentos diferentes: Festival Internacional da Canção da América do Sul comandado por Adhemar Dutra (o maior work-a-holic que o SBT já teve em sua história, afinal, ele foi diretor de divulgação da emissora, diretor administrativo do teatro da Ataliba Leonel, radialista e co-apresentador do Cidade Contra Cidade), que acontecia simultaneamente em todos os países sul-americanos que, logo mais tarde, tornou-se apenas uma mostra de parada de sucessos exclusivamente brasileiros; Noite de Mistério era a parte que tratava de esoterismo e previsões para o futuro e tinha como estrela principal Jair de Ogum, um pai-de-santo famoso na época (e que teria inspirado o humorista Chico Anysio a criar o personagem Painho); e para terminar Hoje Quem Dança é Você, precursor dos concursos de dança que abundariam mais tarde na TV brasileira, onde se apresentavam casais ou grupos de dança defendendo um estilo musical diferente sob o comando de um jovem ex-office-boy do Grupo Silvio Santos que apresentava os intervalos da Sessão Premiada em São Paulo, fazia pontas no humorístico Alegria 82 e era membro do júri do Programa Raul Gil: Augusto Liberato, que havia sido ovacionado ao ser anunciado como padrinho de uma das candidatas do Miss Brasil 81. O último quadro dava mais audiência que os outros segmentos e foi aí que os diretores colocaram a mão na massa e trataram de reformular a atração para o ano seguinte.
12 de março de 1983, uma data muito importante para os "oitentistas" de plantão. Foi neste dia que o Viva a Noite passou a ser apresentado definitivamente aos sábados à noite, com mais de duas horas e meia de duração e ao vivo para todo o Brasil graças ao sistema de troncos da Embratel, muito utilizado pelo SBT até 1985 quando obteve seu próprio canal de satélite. Para comandar a atração, foi titularizado o apresentador do quadro Hoje Quem Dança é Você, Augusto Liberato, que ao poucos passou a ser chamado de Gugu. Aquele loiro engomado e engravatado que trazia de volta os "Embalos de Sábado à Noite" na televisão brasileira, foi taxado pela imprensa da época como "novo Silvio Santos", mas logo foi avisando em entrevistas de que "Silvio Santos é insubstituível e ponto final". O sucesso foi imediato e assumiu por muitos anos a liderança de audiência em todo o Brasil, atingindo médias de 25 pontos de audiência (batendo com frequência o Supercine da Rede Globo), ainda mais num dia do final de semana, o sábado, em que grande parte das pessoas costumam sair de casa para passear, curtir a noite, comer fora ou visitar amigos e parentes.
Nos primeiros anos do Viva a Noite, Gugu chamava alguém da platéia para encarar o seguinte desafio: dançar conforme a música que for tocando dentro de uma cabine a prova de som e acumulando Cr$ 1.000 por minuto, era a Cabine Milionária. Se a pessoa não dançasse direito, recebia uma bandeirada vermelha e era obrigada a sair da cabine, permitindo que outra pessoa pudesse participar da brincadeira. Os concursos de dança que surgiram em 1982 continuaram no ar, só que incrementado. Agora os dois casais que defendiam um estilo musical diferente (como forró, gafieira, anos 60 e jazz, por exemplo) puderam passar por uma divertida gincana e quem vencesse mais provas, ganhava o programa. O quadro de dança permaneceu até 1986, quando a gincana entre casais foi substituída por uma disputa entre universitários paulistas e cariocas.
Em 1986, o programa foi totalmente reformulado deixando de ser ao vivo e voltado às classes mais baixas para ser gravado dias antes e se dedicar exclusivamente ao crescente público adolescente feminino e, despretensiosamente, as crianças. Isso se deve com a explosão das boybands da época e das bandas de rock. O cenário sofreu modificações com aquelas belíssimas e gigantescas arcadas transparentes em forma de "B" com iluminação colorida variável (o mais bonito cenário de programa de auditório da história da TV brasileira) e, além de surgirem novos quadros, Gugu mudou seu guarda-roupa adotando um visual menos formal e mais casual e jovial com cores vibrantes. E o melhor de tudo, aposentou o famoso microfone do Silvio Santos e passou a utilizar um microfone de lapela, mas meses depois resolveu apresentar o programa segurando um microfone comum (primeiro com a canopla da TVS e depois com as famosas espuminhas de cores sortidas como vermelha, amarela, verde e azul). Em setembro do mesmo ano e se arrastando por quase dois anos, o personagem campeão de bilheteria de Sylvester Stallone inspirou o famoso concurso Rambo Brasileiro, onde a cada semana dois musculosos e marombados participantes com fitinha na cabeça iam ao programa, eram entrevistados pelo Gugu e disputavam a preferência de um júri composto por cinco convidados especiais. Com metralhadoras de plástico, protagonizavam clipes com direito a saltos em barrancos, travessias em pântanos e cenas de combate. Depois de muita escolha, o final do concurso mereceu um programa especial em março de 1988 com a vitória do capixaba Ewerton Carvalho Siqueira, hoje advogado.
Havia também o Deu a Louca na TV, onde diversas modelos a protagonizavam, fazendo coisas absurdas e, ao mesmo tempo, atraindo os olhares masculinos. Como aconteceu em 1987, quando a modelo Lilian Ramos (muito antes de ser a famosa "sem-calcinha" de Itamar Franco) passeou pelo Estádio do Pacaembu vestindo apenas uma tanga por baixo e uma camisa dividida dos dois times, metade São Paulo e metade Palmeiras, por cima antes de um jogo entre as duas equipes. Ou em 1990, quando outras modelos passearam pelas ruas de São Paulo, uma completamente nua, apenas com o corpo pintado, e a outra só de lingerie, literalmente parando o trânsito. Durante o programa, um artista aparecia fantasiado e/ou mascarado e ficava passeando durante todo o programa. Gugu dava algumas pistas sobre a identidade secreta do convidado aos telespectadores que participavam pelo telefone e tinham que adivinhar até o final do programa quem era o artista que está fantasiado. Anos depois, os homens e as mulheres eram quem tentavam desvendar a identidade do Artista Misterioso. Só no final do programa é que Gugu anunciava quem era o artista fantasiado e/ou mascarado.
Quando o Viva a Noite ganhou um novo cenário (aquele do famoso arco-íris vermelho) em abril de 1988, o programa foi modernizado e passou a centrar num quadro que o consagrou para sempre. Convidando diversas "celebridades da moda", Gugu organizava uma competição entre homens e mulheres intitulada Eles & Elas, sendo três para cada lado. Havia a prova do desenho, da torre de taças com champagne, dos balões que deviam ser estourados de três maneiras diferentes, da declaração de amor, da face oculta, da pesquisa com os artistas, o que é o que é, sim ou não, entre outros. Quem ganhasse a gincana, cada integrante ganhava um troféu em formato de lua com luz neon. Se a disputa terminasse empatada, as assistentes de palco do programa jogavam um enorme dado com um desenho de um menininho e de uma menininha para definir o time vencedor, enquanto que um integrante do time perdedor era escolhido para pagar um determinado castigo no programa seguinte. E sem a periculosidade do Sonho Maluco (que abordarei nos próximos parágrafos), alguém da platéia poderia ter um Sonho de Última Hora realizado no próprio palco do programa com um dos convidados do programa, como atirar farinha de trigo no grupo Dominó, fazer guerra de chantili com a cantora Simony, tomar banho com o Alexandre Frota ou com a Sula Miranda, pedir para que seu ídolo lhe faça uma declaração de amor ou simplesmente dar um banho de champagne no próprio Gugu.
Quando todo mundo sacudia os braços e balançava o rabicho ao som do Baile dos Passarinhos, significava que o programa chegava ao fim. A história é bem interessante: a melodia foi inspirada na canção Chicken Dance, de Terry Rendall e Werner Thomas, cuja origem é alemã. Uma vez, Gugu estava hospedado em um hotel cinco estrelas em Itaparica, litoral baiano, e lá não tinha televisão ou cinema. Durante a noite, depois do jantar, todos os hóspedes se confraternizavam no teatro do hotel. Em meio a cantorias, apresentações performáticas e declamações de poesias, a tal música era executada e todo mundo caía na dança inventando as mais absurdas coreografias. Vendo tudo isso (e ouvindo a versão francesa da tal música), Gugu pensou que se a canção animava os classudos, podia fazer delirar o povão. Ao voltar de viagem, encomendou ao compositor Edgar Poças (pai da cantora Céu) uma versão em português do Chicken Dance, criou uma coreografia definitiva e pronto. A marca registrada do Viva a Noite foi gravada em 1984 e continuou até o programa sair do ar em 1992.

Baile dos Passarinhos (Chicken Dance):
Terry Rendall e Werner Thomas - versão: Edgar Poças

Passarinho quer dançar
O rabicho balançar
Porque acaba de nascer
Tchu tchu tchu tchu
Passarinho quer dançar
Quer ter canto pra cantar
Alegria de viver
Tchu tchu tchu tchu
Seu biquinho quer abrir
As asinhas sacudir
E o rabicho remexer
Tchu tchu tchu tchu
Joelhinho vai dobrar
Dois saltinhos só pra ver
Vamos voar!
É dia de festa, dança sem parar
E depois voar no azul
Cruzar de norte a sul
O céu e o mar!
Passarinho quer dançar
O rabicho balançar
Porque acaba de nascer
Tchu tchu tchu tchu
No seu ninho dançará
Passarinho passará
Alegria de viver
Tchu tchu tchu tchu
Seu biquinho quer abrir
As asinhas sacudir
E o rabicho remexer
Tchu tchu tchu tchu
Joelhinho vai dobrar
Dois saltinhos só pra ver
Vamos voar!

Mas o célebre quadro Sonho Maluco era o ponto alto do programa e merece um destaque a parte. Surgiu quando o programa foi reformulado, em 1983, assim que passou a ser exibido aos sábados. O que teria motivado o público a fazer seus sonhos bem malucos foi em 31 de dezembro de 1982, quando o SBT estava transmitindo ao vivo a Festa de Fim de Ano, com flashes ao vivo dos festejos em todo o país. Numa altura de 130 metros, o então repórter Gugu entrevistou o equilibrista alemão Peter Rehlinger, de 46 anos, que decidiu atravessar o Vale do Anhangabaú numa corda de aço nos últimos minutos de 1982 e conseguiu completar o percurso bem na virada do ano! Pois é, a chegada de 1983 foi a mais emocionante que o SBT registrou em toda a sua história. Estavam, portanto, abertas as portas do Sonho Maluco, onde os telespectadores mandavam cartas e pediam alguma "loucura" que gostaria de fazer com o artista de sua preferência.

Top 10 dos Melhores Sonhos Malucos da História:

10) O macabro personagem Zé do Caixão protagonizou dois Sonhos Malucos distintos: teve que dividir seu caixão com uma telespectadora durante o programa e no Reveillón de 1984, pediu para que Zé Ramalho cortasse suas imensas unhas. Quando o cantor apareceu de surpresa cantando o hit Admirável Gado Novo, José Mojica Marins (sem o figurino de seu alter-ego) não segurou a emoção e chorou diante das câmeras.

9) Uma garota não tinha condições financeiras de fazer uma festa de debutante, então mandou uma carta para o Viva a Noite pedindo que seus 15 anos fossem celebrados no palco do programa com os "galãs" do SBT da época como Sérgio Mallandro, Wagner Montes, Moacyr Franco, Arlindo Barreto e Luís Ricardo.

8) Sérgio Mallandro foi vítima de dois Sonhos Malucos: em frente a tromba de um elefante de circo tomando uma esguichada de água e seu corpo sendo lambuzado de chantili e glacê por uma fã.

7) Um japonês queria ver a gorduchinha Wilza Carla só de calcinha e sutiã e quis satisfazer seu desejo sexual em dar uma palmadinha no bumbunzão da atriz, ícone da pornochanchada brasileira.

6) A popularidade da Mariette era tão grande que um telespectador queria ver a telemoça vestida de bebê e debruçada numa cama em alusão a uma música do Gugu que dizia "bota talquinho no bumbum desse nenê". O rapaz conseguiu satisfazer sua fantasia sexual, jogando talco no traseiro da mais festejada secretária de palco do Viva a Noite e tudo acabou numa guerra de talco no palco entre ele, Mariette e Gugu.

5) A humorista Nhá Barbina queria se casar com o Gugu, desde que a cerimônia fosse numa pista de patinação de gelo, na ocasião instalado no Shopping Center Norte em São Paulo. Quando estava tudo pronto para o casamento, aparece o jurado Pedro de Lara alegando que a noiva era dele, mas Gugu devolveu a provocação indagando "E quanto a Chifronésia?".

4) Um telespectador pediu para tomar banho com a ex-chacrete Rita Cadillac na frente de sua esposa, que ficou se mordendo de ciúmes na platéia.

3) Uma fã pediu para ficar presa numa teia de aranha gigante num viaduto do centro de São Paulo para poder ser resgatada pelos (então) oito integrantes do grupo Titãs.

2) Acostumado a encarar grandes desafios, o cantor Nahim, que havia sido piloto de provas de moto, topou o desafio em andar num carro que seria serrado por cima. Apesar do piloto ter exagerado na velocidade e o carro ter perdido a parte de cima pra valer, Nahim saiu ileso do desafio.

1) Uma telespectadora queria ver o cantor Agnaldo Timóteo dentro de um carro atravessando um out-door do também cantor Jerry Adriani subindo numa rampa com um piloto profissional. Só que o carro foi lançado ao chão, Agnaldo quebrou o nariz e foi hospitalizado, recebendo alta alguns dias depois.

Top 3 de Menções Honrosas (todas envolvendo o próprio Gugu):

3) Muito antes da famigerada Banheira do Gugu, o apresentador teve que entrar numa banheira de espuma, a pedido de um telespectador que estava dentro da banheira, com roupa e tudo, ao som de Arapuca do cantor Almir Rogério.

2) Vestido de Superman, teve que resgatar uma fã do programa que estava no meio de um incêndio do alto de um edifício.

1) Dentro de uma piscina do Parque Anhanguera (onde futuramente seriam construídos os estúdios do SBT), Gugu celebrou um exótico casamento de dois mergulhadores embaixo d'água.

Porém, um Sonho Maluco merece o título de Hors-Concours: vestindo uma roupa especial, Gugu teve que atravessar um túnel em chamas, só que a equipe de efeitos especiais exagerou no combustível para provocar as enormes labaredas e o apresentador ficou asfixiado, sofreu queimaduras e teve que receber atendimento médico imediato. Foi a partir daí que o Sonho Maluco foi maldosamente apelidado de "Pesadelo Maluco".

Nos primórdios do programa, duas figuras faziam parte do cast principal. O anão Tatuzinho era quem fazia mil estripulias durante o programa, sempre com uma fantasia diferente a cada semana. Além dele, teve a humorista Nhá Barbina, uma jurada do programa que ajudava a escolher o melhor casal que dançou no programa, além de se dizer apaixonada pelo Gugu. Dentre os bonecos, o mais conhecido é o Bugaloo, que surgiu em 1985. Um suposto irmão gêmeo do jornalista Carlos Nascimento, esse personagem roliço que usava gravata borboleta e paletó dourado amedrontava a criançada, mas queria sempre chamar mais atenção no programa do que as próprias atrações e até ganhou uma música: Bugaloo Dá-Dá. Os outros só vieram em 1988 como o Passarinho, a Aranha, a Mãozona, o Olhão e o Nicodemus. E em 1989, a dupla de imitadores Tatá & Escova passaram a integrar o time do programa com o humor improvisado e satirizando como sempre as celebridades da época. Eles vinham do recém-encerrado programa Perdidos na Noite com Fausto Silva na Rede Bandeirantes.
O sujeito serelepe de boné que aparecia sempre no meio da platéia animando o auditório durante o programa é o supervisor de palco Aílton Alves Sampaio Lima, o Liminha. Antes do programa ir ao ar, ele preparava as dálias (cartolinas com textos escritos para servir de suporte durante o programa), organizava o palco e sempre estava à disposição quando era solicitado pelo Gugu. Ele foi a primeira pessoa na história a se fantasiar de passarinho amarelo. Mas as "Guguzetes" foram marcantes e inesquecíveis. A fogosa Mariette Detotto é a musa número 1. Começou sua saga aos 16 anos como assistente de palco do Domingo no Parque vestida de bailarina e era a única de quem Silvio Santos sabia o nome de cor. Assim que o Viva a Noite foi reformulado, em 1983, foi chamada para ajudar o Gugu nas atrações (junto com outras beldades como Mônica, Marisa, Celeste, a futura esposa do apresentador Rose e a futura jurada Flôr) e permaneceu no programa por cinco anos. Seu nome virou sinônimo de secretária de palco e com o status de sex-symbol das noites de sábado, foi parar nas páginas da revista Playboy em novembro de 1988 quando virou o "bicho-bom" de Renato Aragão no humorístico Os Trapalhões na Rede Globo, mas voltou para o SBT em 1990 fazendo parte do elenco-base de A Praça é Nossa e desde 1998 apresenta programas de TV nos Estados Unidos em um canal dedicado a imigrantes hispânicos. Em 1987, Mariette passou a dividir o batente com Silvia Roberta de Franceschi, a Silvinha (eu lembro dela!), então com 14 anos, que por sua vez não era tão exuberante quanto sua colega, mas com seu porte físico "mignon" era um pouco mais recatada e ficou mais conhecida quando Gugu passou a dividir os domingos com Silvio Santos. Em 1990, a moreninha deixou o Viva a Noite para comandar o infantil Casa Mágica na recém-formada Rede Record (co-produzida pela então GPM, hoje GGP, produtora independente de Gugu em seu primeiro contato com a emissora recém-adquirida pelos bispos). Alessandra Scatena foi a que mais tempo ficou trabalhando com Gugu, por uma década inteira. A loira pegou os últimos momentos do Viva a Noite a partir de 1990, mas sua trajetória começou pra valer no Corrida Maluca compondo o trio de gatinhas do programa (e até permitiu que seu pai fosse um dos membros da "Família Maluca"). Chegou a posar nua para a Playboy em setembro de 1997, se despediu da função em 2001 quando estava no Domingo Legal e foi promovida como apresentadora de TV, fazendo programas femininos em canais UHF da Grande São Paulo, além de ter participado no mesmo ano da alardeada Casa dos Artistas e ter sido a primeira celebridade eliminada de lá.
Com a estréia do Sabadão Sertanejo em 20 de julho de 1991, o programa que tinha duas horas de duração, teve seu tempo reduzido uma semana depois para pouco mais de uma hora e seguiu assim até seu término. O último Viva a Noite foi curiosamente exibido num domingo à tarde, em 19 de janeiro de 1992. Esse que vos escreve tinha 5 anos de idade e lembra perfeitamente quando testemunhou os dois últimos Viva a Noites, previamente gravados e inéditos, serem levados ao ar por dois domingos seguidos (12 e 19 de janeiro), tapando buracos do Programa Silvio Santos devido as férias de verão do apresentador. Em 2007, na frustrada tentativa do SBT em fazer a concorrência "tremer de medo", resolveu lançar um revival do Viva a Noite, só que com o comando da cantora baiana Gilmelândia (ex-vocalista da Banda Beijo) e a participação de dois novos co-apresentadores: o socialite Bruno Chateaubriandt e o roqueiro Supla, que teve a ousadia de regravar o Baile dos Passarinhos. Semanas antes da estréia, a emissora fez sigilo absoluto da identidade de quem apresentaria a volta do programa, a mais cogitada pela mídia da época era Adriane Galisteu, mas a Gil levou a melhor. Mas mesmo sendo produzido pela mesma equipe de Gugu Liberato, o programa ficou poucos meses no ar devido a baixa repercussão e a baixa audiência, pois todo mundo preferia mesmo a versão original, que acabou deixando saudades a uma geração de saudosos telespectadores.

Curiosidades:
* Quando o programa estava pra entrar no ar em 1982, o superintendente operacional do SBT Luciano Callegari sugeriu a Homero Salles dois nomes para apresentar o quadro Hoje Quem Dança é Você: o radialista Paulo Lopes, que abria o humorístico Reapertura, e Paulo Barboza, que comandava a Sessão Premiada no Rio de Janeiro.

* Quando chamava o intervalo comercial, Gugu ou um convidado gritava "Viva a Noite!!!" e a platéia respondia "Viva! Viva! Viva!".

* Em 1983, os telespectadores podiam participar do programa através do telefone, cujo número era (011) 290-8193.

* Vários co-apresentadores dividiam com o Gugu o comando do Viva a Noite em quadros feitos nas externas como Adhemar Dutra, Christina Rocha, Olga Renha, Felisberto "Feliz" Duarte, Rogéria, Mara Maravilha e Ivo Morganti.

* A importância do Viva a Noite era tal que muitos artistas cancelavam shows para se apresentar (e até participar dos quadros) no programa. Foi responsável pela primeira apresentação-solo do cantor Cazuza, após ter deixado o grupo Barão Vermelho, em 1985, cantando o hit Exagerado. E quando a boyband Menudo veio ao Brasil pela primeira vez em 1984, o Viva a Noite foi o primeiro programa de TV que os porto-riquenhos se apresentaram, chegando de bicicleta um por um sob arcadas floridas e empolgando a platéia com o sucesso No Se Reprima.

* O grupo Dominó foi quem mais apareceu no Viva a Noite desde 1984 quando Nill, Marcelo, Afonso e Marcos surgiram para o estrelato com o sucesso Companheiro. O próprio Gugu, que na época apresentava também um programa na Rádio América de São Paulo, foi quem ajudou a selecionar os integrantes da mais duradoura boyband do Brasil. O quarteto de hit-makers emplacaram também Amor e MúsicaBruta Ansiedade, Jura de Amor, Manequim, P da Vida, Olhar de MedusaCom Todos Menos Comigo, As Palavras, entre outros. Em 1989, um programa especial foi feito contando a história de cada componente, mas meses depois, o integrante Nill escolheu o programa para se despedir do Dominó e seguir carreira-solo, deixando a platéia e integrantes do grupo emocionados.

* Com o sucesso do programa, Gugu atacou de cantor e gravou seis compactos simples entre 1984 e 1989. Além da famosa "Dança do Passarinho", como a música ficou conhecida, emplacou sucessos como Docinho, Docinho, Fio Dental, Bota Talquinho, Baile dos Bichos, Pega o Meu Peru e Marcha da Bicharada. A Dança da Galinha Azul era o jingle do Caldo Maggi, patrocinador do programa a partir de 1988 (os refrigerantes Antárctica patrocinaram o Viva a Noite em 1985 e o chiclete Bubaloo no ano seguinte), que reforçava a lembrança de que o Caldo Maggi era "o caldo nobre da galinha azul" que era o símbolo da marca.

* Em 21 de julho de 1984, em nota publicada na revista Sétimo Céu da Bloch Editores, o Viva a Noite registrou seu maior recorde de audiência em toda a sua existência: o IBOPE registrou a média nacional de 35,8% para o SBT contra 15,8% da Rede Globo que exibia o filme O Sonho Impossível, cartaz de Supercine. Nos últimos 60 minutos de programa, chegou a atingir o pico histórico de 38 pontos de audiência.

* Até 1985, o programa contava com a participação da orquestra do Maestro Zezinho e dentre os seus integrantes destacam-se o baterista Milton Ramos da Silva, o Miltinho, e o baixista Ubirajara Penacho dos Reis, o Bira. Os dois músicos continuaram trabalhando com o Maestro Zezinho até 1992 para se dedicarem exclusivamente com o conjunto musical que acompanha o apresentador Jô Soares no seu talk-show.

* Em 26 de julho de 1986, o Viva a Noite exibiu um especial inusitado: quase quatro meses antes das eleições estaduais, reuniu os candidatos ao Governo de São Paulo para que cada um pudesse (em blocos diferentes, é claro) ser entrevistado e desenvolvesse algum talento diferente para o público. Então, o deputado Paulo Maluf executou ao piano um prelúdio de Chopin, o vice-governador Orestes Quércia foi chamado de "lindo" pelo auditório, o futuro senador Eduardo Suplicy entrou no palco do programa dirigindo um Monza vermelho (em alusão a música O Bom de Eduardo Araújo) e o empresário Antônio Ermírio de Moraes, que estava se arriscando na política, animou uma comemoração de aniversário do cantor Adriano (que fazia sucesso com a música A Força do Amor, tema da novela homônima do SBT em 1982). O fato foi destaque em todos os jornais da cidade.

* Em duas oportunidades, o Viva a Noite foi exibido na noite do ano novo, brindando os telespectadores com programas especiais. Em 31 de dezembro de 1983, em três horas de programa, antes de fazer contagem regressiva para 1984, registrou um fato marcante: o cantor Zé Ramalho cortando as medonhas unhas do cineasta José Mojica Marins, o Zé do Caixão, no Sonho Maluco. E em 31 de dezembro de 1988, a equipe do programa viajou para Los Angeles, Estados Unidos, onde Gugu entrevistou o cantor Julio Iglesias e ainda mostrou a mansão do ídolo espanhol por lá, além de mostrar seus diversos videoclipes.

* O entrevistado mais marcante do programa, em meio a reportagens feitas pelo exterior, foi o ator e humorista Roberto Gómez Bolaños, o Chespirito, criador dos personagens Chaves e Chapolin. Gugu foi ao México em duas oportunidades para entrevistá-lo, em 1989 e 1990, no auge dos seriados no Brasil. Na primeira, Bolaños surpreendeu os telespectadores brasileiros aparecendo caracterizado como o garoto no barril logo no começo do bate-papo. E na segunda, ele falou como criou os dois personagens: o menino pobre latino-americano que não tem o que comer e não tem com que brincar e o super-herói humanizado que não possui super-poderes, mas que resolve os casos com esperteza (ou astúcia, como ele próprio se refere). Nos bate-papos, Bolaños revelou que seu ídolo é Pelé, suas qualidades são a paciência e a honestidade e deixou a seguinte mensagem aos fãs brasileiros: "Convidaria as pessoas a serem sempre jovens. Eu creio que ser jovem não consiste em ter poucos anos ou muitos, mas sim ter projetos, ideais, sempre ter esse espírito de luta, ter esses projetos e buscar algo. Continuem sempre sendo jovens e otimistas com o desejo de se fazer alguma coisa boa". Em ambas as entrevistas, Chespirito foi dublado em português por Marcelo Gastaldi, que emprestava sua voz na dublagem dos dois personagens.

* Em 7 de maio de 1989, por causa de uma greve dos radialistas que impossibilitou a gravação do programa Cidade Contra Cidade, o SBT decidiu tapar o buraco do Programa Silvio Santos colocando no ar o Viva a Noite, gravado com antecedência, em plena tarde de domingo (das 15 às 17 horas), numa tentativa acidental do SBT em fazer frente ao recém-lançado Domingão do Faustão da Globo. Mas a experiência durou apenas três semanas porque o Domingão liderava com 45 pontos de audiência contra os minguados 15 do Viva a Noite, que por mudar de dia e horário, o nome perdera seu sentido e teria que sofrer uma reformulação total para se adequar ao novo dia e horário, cujo público predominante era a família.

* Ainda em 1989, o Viva a Noite abrigou algumas cenas do filme Os Trapalhões na Terra dos Monstros, que teve a direção do ator Flávio Migliaccio. O cenário do programa ambientava um concurso de cantores principiantes e apareceram o grupo Dominó e a apresentadora Angélica, que realiza o Sonho Maluco em gravar um clipe com a boyband no Alto da Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, sobre a defesa ecológica. Só que no filme, ela era filha de um grande empresário super-protetor e, preocupado com o sumiço dela, ordena que seus empregados (Didi, Dedé, Mussum e Zacarias) trouxessem ela de volta. Só que eles descobrem um sub-mundo no interior do local repleto de monstrinhos, onde ela foi aprisionada, e de seres humanos selvagens. No elenco do filme estão também o cantor Conrado (outra cria do Viva a Noite e que logo passou a integrar o elenco de Os Trapalhões), Geórgia Gomide, Benjamin Cattan e a modelo Vanessa de Oliveira.

* Em entrevista concedida ao site Tudo Sobre TV em 2002, o diretor Homero Salles disse que o Viva a Noite foi uma vanguarda para o SBT que permitiu enorme ousadia em gincanas do tipo "venha para o palco do programa com uma tampa de privada, com um chapéu exótico ou com seu vovô vestindo pijama, pronto para dormir" e revelou que o grande referencial do programa era o cineasta italiano Federico Fellini: "Mas Fellini não combinava com popular, mas se você for lembrar do Viva a Noite tinha mão, mala, anão numa cabine e dançarinas com seios enormes, isso tudo é puramente felliniano sem poder dizer pra ninguém" explicou Homero.

* O caderno Folha Ilustrada do jornal Folha de São Paulo publicou em 8 de março de 1984 uma crônica bem-humorada do colunista Patrício Bisso intitulada Sábado à Noite na TV. Entre filmes, especiais jornalísticos, programas carnavalescos, entrevistas e documentários das emissoras de São Paulo apresentados em 3 de março daquele ano, destaca-se um relato sobre o Viva a Noite que ocupou um parágrafo inteiro e pelo que parece, ele decifrou qual era a referência do programa: "No canal 4... sim, sim, é hora do fantástico 'Viva a Noite', com o mimoso Gugu Liberato. Hoje começaram com um concurso de calipso e hully-gully (o hully-gully se dançava assim? credo!). O cantor mascarado hoje está vestido de cabeleireiro, num salão de beleza com secador de pé e tudo. Será a Rita Lee? Será o Pedro de Lara? Todos gritam. E o Tatuzinho, cadê o Tatuzinho? Olha, lá está ele, dentro da cabine milionária! Será que hoje ele vai tentar ganhar os mil cruzeiros por minuto? Não, hoje são casais que vêm vestidos de Adão e Eva, com umas folhas enormes grudadas no corpo com fita crepe. E o Sonho Maluco de hoje? Semana passada foi a vez de uma anãzinha chamada Alzira, que queria beijar o Tatuzinho, os dois vestidos de Romeu e Julieta. Que gracinha, pareciam dois bonequinhos! Logo depois, o Nahim vai tentar atravessar um túnel de fogo dirigindo uma motocicleta. As moças gritam espantadas, será que elas vão ficar sem o moço do 'Dá, Dá, Dá'? Os surrealistas iam adorar esta música. Alguém tem que mandar um videocassete dos 'Viva a Noite' para o Fellini."

Para quem quiser matar as saudades do Viva a Noite, postei no meu canal no YouTube, três programas completos e mais um vídeo com um pout-pourri de cenas marcantes. Os links estão logo abaixo:

Trechos do Viva a Noite entre 1988 e 1990https://www.youtube.com/watch?v=C3F0LPD_ajM
Viva a Noite exibido em 8 de julho de 1989 - https://www.youtube.com/watch?v=_DdIzE3LcFI
Viva a Noite exibido em 5 de janeiro de 1991 (provavelmente uma reprise de um programa exibido em junho de 1990) - https://www.youtube.com/watch?v=L1qtDAmFaPo
Viva a Noite exibido em 17 de agosto de 1991 - https://www.youtube.com/watch?v=9WOwdn7tGjo

Vejam também outros vídeos interessantes do programa postados por outros canais no YT:

Primeira Abertura do Viva a Noite em 1982 (Postado pelo canal MofoTV de José Marques Neto) - https://www.youtube.com/watch?v=9vIoVNQaIgI
Abertura e Escalada do Viva a Noite em 1986 (Postado por Acervo 80JHL, de Hamilton Kuniochi) - https://www.youtube.com/watch?v=hGKlmEPqSdo
Viva a Noite Especial com o Grupo Dominó em 1989, na íntegra (Postado por Lilian Morgan) - https://www.youtube.com/watch?v=U7AqinZGANk
Trechos de uma entrevista com os integrantes do elenco de Chaves em 1989 (Postado por brunoch1987) - https://www.youtube.com/watch?v=W9Lh23RRUO4
Entrevista de Roberto Gómez Bolaños concedida ao programa em 1990 (Postado por elvyseree) - https://www.youtube.com/watch?v=LcAklfxjtuo
O canal de Hugo Villar conta com vídeos curtos e variados do Viva a Noite entre 1988 e 1990 - https://www.youtube.com/user/hugovillar1/search?query=viva+a+noite
Cenas do filme "Os Trapalhões na Terra dos Monstros" com o programa Viva a Noite (Postado pelo canal Arquivos1000) - https://www.youtube.com/watch?v=ee3GBF9pGHw

terça-feira, 15 de novembro de 2016

HISTÓRIA: Futebol na Telinha - 3ª Parte

Nesta terceira e última parte da saga do Futebol na Telinha, a disputa pelos direitos de transmissão, a corrida por boas propostas e o inflacionamento de valores que consequentemente desmotivaram as "outras" emissoras.
Em 1986, ao contrário das edições anteriores, nenhum jogo dos dois turnos do Campeonato Paulista foi transmitido pela televisão devido a expectativa da Copa do Mundo. Quando o Mundial acabou, as redes Globo, Record e Bandeirantes acertaram com a Federação Paulista de Futebol o contrato de televisionamento das finais do Paulistão. As três emissoras dividiram o valor de Cz$ 2 milhões para a exibição direta das semifinais para todo o Brasil, menos para a cidade-sede das partidas, entre Santos e Inter de Limeira (na Vila Belmiro e em Limeira) e do clássico entre Palmeiras e Corinthians, ambos realizados no Morumbi. Dos Cz$ 2 milhões, Cz$ 500 mil foram divididos entre os quatro clubes dos quais 20% do valor seria em forma de direito de arena. Como a segunda partida do dérbi paulistano foi para a prorrogação, as emissoras presentes ao estádio foram liberadas em exibirem ao vivo para a capital paulista os 30 minutos decisivos, inclusive as TVs Cultura e Gazeta que faziam o VT do jogo para exibir de madrugada, no encerramento da programação. Uma cláusula impedia que a transmissão das finais fossem divulgadas com antecedência para a capital paulista e o primeiro jogo só não foi transmitido para a cidade porque o então presidente do Palmeiras, Nelson Duque, pediu mais Cz$ 3 milhões às emissoras. O segundo jogo foi enfim exibido para a capital, como foi também a última final paulista transmitida pela Record com Silvio Luiz no comando.
No Campeonato Brasileiro do mesmo ano, prosseguia o mesmo esquema de negociação jogo por jogo direto aos clubes e as tais normas restritivas que impediam a transmissão de futebol na cidade em que ocorria outra partida paralela. Um fato curioso é que o SBT chegou a transmitir com exclusividade alguns jogos da primeira e da segunda fase nas tardes de sábado e nas manhãs de domingo, procedimento este que havia sido adotado em 1985, mas não transmitiu as finais, realizadas no ano seguinte. Os presidentes dos finalistas São Paulo (Carlos Miguel Aydar) e Guarani (Leonel Martins de Oliveira), estipularam as redes Globo, Bandeirantes e Record o pagamento de Cz$ 2 milhões pela transmissão da decisão paulista daquele Brasileirão, só que as três emissoras acharam o custo elevado e tentaram pechinchar, pagando a metade do preço: Cz$ 1 milhão. Isso porque nas semifinais, foram pagos Cz$ 600 mil para São Paulo e América-RJ e mais Cz$ 240 mil para Guarani e Atlético-MG possibilitarem os televisionamentos. Com a ameaça de que a decisão não seria exibida pela TV, a Rede Manchete entra na negociação e ofereceu um valor tentador: Cz$ 3 milhões, sendo Cz$ 2,4 milhões a serem divididos entre os dois times e mais Cz$ 600 mil em espaço publicitário para ambos. Apesar da exclusividade, a Manchete não podia mostrar o jogo ao vivo para a cidade em que esteja sediando cada uma das partidas decisivas e então, havia programado na hora do primeiro jogo para São Paulo, entre 17 e 19 horas, a exibição do programa Clip Show e do desenho animado Moby Dick, mas foi autorizada a colocar no ar o sinal do primeiro jogo para a capital paulista aos 10 minutos do primeiro tempo, porém 5 minutos mais tarde é que a Manchete libera a transmissão do jogo de fato para São Paulo. Como a emissora da família Bloch não possuía afiliadas no interior paulista, teve que pedir ajuda a TV Cultura de São Paulo tanto na geração de imagens quanto na transmissão do jogo para mais de 400 municípios paulistas através de sua rede de microondas, enquanto que na capital seguia sua programação normal. Na primeira partida, realizada no Estádio do Morumbi, houve uma série de descargas elétricas no sinal do jogo provocadas por um temporal ocorrido naquela tarde de domingo em São Paulo. Por quatro vezes, os problemas técnicos provocaram quedas no sinal que não passavam de 30 segundos e foi preciso acionar o jornalista Alberto Léo, que comandaria o intervalo de jogo direto dos estúdios do Russell, para suprir a falta de imagens do jogo falando sobre o retrospecto dos dois times. Numa dessas, a TV Cultura sem querer troca a imagem do jogo pelo programa Feminino Plural que estava exibindo para a capital paulista e rapidamente, volta para o jogo, o motivo alegado foi a troca de unidades de externa para a geração de imagens, uma delas (responsável pelos replays atrás dos gols) ficou incapaz de fazer a transmissão. Na segunda partida, realizada em Campinas, a Manchete não conseguiu um canal de satélite com a Embratel e a Telesp (reservados para Globo e Bandeirantes) para a transmissão e teve que lançar mão do já ultrapassado recurso do sistema gerador de micro-ondas por rota própria, de Campinas para a emissora de São Paulo com a utilização de dois links da TV Cultura de uma cidade para outra, trabalho executado pela equipe de retaguarda de 30 pessoas. De São Paulo, a imagem foi repassada para a sede no Rio e que finalmente a transmitiu via satélite para todo o Brasil. Quem executou a operação foi o diretor de TV Antônio Carlos Rebesco, o Pipoca, da TV Cultura, que deu um visual diferente na geração de imagens do jogo decisivo mostrando todos os detalhes e colocando o espectador dentro de campo, além de mobilizar 50 profissionais e sete câmeras por todo o Estádio Brinco de Ouro de Princesa. Isso porque todas as unidades de transmissão externa da Manchete estavam no Rio de Janeiro para a cobertura do carnaval daquele ano. A exclusividade da Manchete levou a Globo a prolongar o Jornal Nacional por alguns minutos, retardando o início de um capítulo da novela Roda de Fogo como estratégia de tirar a atenção do público paulista com a decisão do Brasileirão. Mas mesmo assim, a Rede Manchete liderou a audiência pela primeira vez em São Paulo na transmissão de Guarani e São Paulo: marcou 32 pontos no primeiro jogo e mais 45 pontos no segundo jogo. A narração foi de Walter Abrahão, comentários de João Saldanha e reportagens de Laércio Roma e Helvídio Mattos. Já a equipe da TV Cultura tinha o narrador Luís Alberto Volpi, os comentários de Sérgio Backlanos e os repórteres Carlos Eduardo Leite e Gérson de Araújo.
Em 1987, a exemplo da edição anterior, nenhum jogo dos dois turnos do Campeonato Paulista foi televisionado ao vivo, o acordo da federação com as emissoras valia apenas para a transmissão dos seis jogos da fase final. As redes Bandeirantes e Globo pagaram uma cota conjunta de Cz$ 22 milhões para a exibição das semifinais e final. Desse valor, Cz$ 5 milhões seriam para cada um dos semifinalistas (Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos) e Cz$ 2 milhões para a Federação Paulista de Futebol cobrir suas despesas. Na fase semifinal, os jogos poderiam ser transmitido para o interior e litoral paulista e demais estados brasileiros, menos nas regiões da Grande São Paulo e Vale do Paraíba. Quanto aos jogos da decisão, as duas emissoras podiam transmitir para a capital desde que 90% dos ingressos fossem vendidos até uma hora antes do jogos começar, em acordo feito com os clubes finalistas São Paulo e Corinthians. Cada emissora trabalhou com suas próprias imagens: a Globo colocou no Morumbi apenas seis câmeras e liberou suas imagens para as TVs Cultura, Gazeta e Record fazerem os VTs das partidas, enquanto que a Bandeirantes mobilizou 12 câmeras no estádio, praticamente o dobro da emissora-líder. Na transmissão da Globo teve como convidado especial o capitão de 58 Bellini para analisar os jogos e as reportagens de Roberto Thomé e Luís Andreoli, enquanto que na Band contava com a tarimbada dupla de comentaristas Juarez Soares e Roberto Rivellino e os repórteres Gilson Ribeiro e Luiz Ceará. Quanto aos narradores houve alterações em relação às duas partidas decisivas: no primeiro jogo, a narração foi de Luiz Alfredo pela Globo e Luciano do Valle pela Band e no segundo jogo os narradores foram Galvão Bueno pela Globo e Jota Júnior pela Bandeirantes.
Em 1987, os maiores clubes brasileiros entraram em pé de guerra com a CBF insatisfeitos com a organização desastrosa dos campeonatos nacionais. Foi por esse motivo que foi criado o Clube dos 13, formado pelos treze times mais importantes do futebol brasileiro, cujo objetivo era a realização de um campeonato nacional com poucos clubes e com o maior número possível de "clássicos", visando aumentar a média de público e renda, nascia a Copa União. Por mais que ela seja a mais polêmica de todas as competições, ela semeou uma série de coisas que são adotadas até hoje nos campeonatos atuais, principalmente na questão do marketing. Os marketeiros dos Clube dos 13 representados pelo flamenguista José Henrique Arêas e pelo são-paulino Celso Grelet ofereceram a seguinte proposta para a televisão: o televisionamento de 42 jogos da Copa União por Cz$ 168 milhões. A Rede Manchete chegou a receber a tal proposta e que seria analisada pelo seu editor de esportes, o saudoso Alberto Léo. Só que a Rede Globo foi espertalhona e sacou um talão de cheques na hora oferecendo um valor tentador: Cz$ 173 milhões pela transmissão exclusiva de 46 partidas (mais tarde reduzida para 36, temerosa pela queda do índice técnico das equipes durante o torneio) e mais 50% pela comercialização dos jogos a entidade organizadora. Os dirigentes ficaram animados e negociou com a Globo um contrato de cinco anos de exclusividade da Copa União por US$ 18,5 milhões, sendo US$ 3,7 milhões por temporada com correção de 5%. Mesmo com a transmissão exclusiva, a Globo autorizou as emissoras educativas como Cultura e TVE e as emissoras independentes como Gazeta e Record a fazerem os VTs das partidas locais da competição e que só poderiam ir ao ar após o término das mesmas.
Daqueles Cz$ 173 milhões, Cz$ 107 milhões seriam destinados ao clubes e os outros Cz$ 66 milhões eram pelo espaço a ser comercializado. As cotas passaram a ser divididas da seguinte maneira: Cz$ 12,8 milhões para cada um dos clubes integrantes ao Clube dos 13 (Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco) e Cz$ 6,6 milhões a serem divididos aos três times convidados para completarem os 16 participantes da Copa União (Coritiba, Goiás e Santa Cruz). Os 50% da comercialização dos jogos prometidos da Globo ao Clube dos 13 eram pela venda das três cotas nacionais de patrocínios, cada uma valia Cz$ 33 milhões e adquiridas por Bradesco, Volkswagen e Antárctica, sem contar outras duas cotas regionais com mesmo valor (cujo valor subiu para Cz$ 45 milhões nas finais), e pelas inserções comerciais nos intervalos dos jogos, sendo cobrados Cz$ 60 milhões por uma peça publicitária de 15 segundos. Além do apoio da televisão e da revolução que ela causou, tornando o futebol numa atração fixa da programação, foi também de suma importância o contrato do Clube dos 13 com a Coca-Cola pelo patrocínio exclusivo da competição. Assim como foi com a Globo, o refrigerante mais popular do mundo assinou um contrato de cinco anos de exclusividade por US$ 17 milhões, sendo US$ 3,4 milhões por ano com correção de 5%, cujo montante seria dividido entre os 16 times e cada um receberia Cz$ 7,2 milhões. O contrato da Coca-Cola com o Clube dos 13 foi até exótico: a publicidade do refrigerante seria explorada em forma de merchandising com anúncios espalhados nos 10 estádios-sedes do torneio, em troca de Cz$ 550 mil, até mesmo no círculo-central do gramado e dentro das goleiras! E mais, foram oferecidos mais Cz$ 1,5 milhão para que os clubes pudessem imprimir o nome "Coca-Cola" nos seus uniformes. Dos 16 competidores, 12 aceitaram a proposta, menos Flamengo, Corinthians, Palmeiras e Internacional que mantiveram compromisso com seus patrocinadores originais (os dois últimos citados adeririam a publicidade do refrigerante no ano seguinte). Isso sem contar as 452 inserções institucionais (só a marca, sem o produto) de 15 segundos a serem veiculados na Globo durante os intervalos das transmissões. E por pouco a competição não se chama Copa União Coca-Cola, pois houve discordância dos dirigentes quanto ao naming rights (direitos de nome, algo comum nos dias atuais), só que a FIFA proibiu o Clube dos 13 em usufruir a publicidade exagerada da Coca-Cola, exigida em cláusula contratual. Por esse motivo, apenas parte dos Cz$ 7,2 milhões prometidos aos clubes foram pagos, outra parte seria completada nos anos seguintes na qual os clubes acabaram concordando em manter o patrocinador estampado nas camisas nos estaduais do ano seguinte. Então, Bahia, Botafogo, Cruzeiro, Fluminense, Grêmio e Vasco receberam Cz$ 5,1 milhões, Atlético-MG ficou com Cz$ 4,6 milhões, São Paulo e Internacional com Cz$ 4,4 milhões, Santa Cruz e Coritiba com Cz$ 4,1 milhões, Corinthians, Flamengo e Santos com Cz$ 3,8 milhões e Goiás com Cz$ 2,8 milhões. Outros patrocinadores apoiaram a realização da Copa União: Varig-Cruzeiro e Rede Othon de Hotelaria cobriram juntas cerca de Cz$ 100 milhões em despesas de transporte e hospedagem dos times participantes, a Editora Abril ofereceu Cz$ 56 milhões na publicação do álbum de figurinhas oficial da competição por cinco anos e a Dover Comércio e Importação de Materiais Plásticos investiu Cz$ 85 milhões na fabricação de produtos com a marca Copa União e com os distintos dos participantes, que por sua vez teriam uma participação nos royalties pelo uso de imagem tanto nos produtos da Dover quanto das Figurinhas da Copa União.
Por 25 anos, as normas restritivas da antiga CBD que proibia o televisionamento de futebol na cidade onde ocorria um outro evento futebolístico no mesmo horário assombrava as emissoras de TV. Na Copa União, a regra fora finalmente quebrada. No planejamento da cobertura, a Globo determinou a alteração na tabela e programou a transmissão de três partidas semanais, uma nas noites de quinta ou sexta, outra nas tardes de sábado e mais outra nas tardes de domingo, inclusive para a cidade onde os jogos estavam acontecendo. Nas transmissões dominicais, um fato pitoresco: como haviam várias partidas sendo jogadas simultaneamente, quatro desses jogos eram pré-selecionados e submetidos a um sorteio, realizado 15 minutos antes do apito inicial, para decidir qual deles seria transmitido. A estrutura de transmissão era a mais simples possível para padronizar as emissoras Globais das oito cidades-sede (São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Curitiba e Goiânia): equipe técnica de 15 pessoas, apenas três câmeras no estádio, uma unidade móvel com mesas de áudio e corte e equipamento de microondas para a transmissão das imagens na sede da emissora, cuja equipe de retaguarda responsável pela transmissão em rede nacional contava com 20 pessoas. Os narradores eram Luiz Alfredo, Oliveira Andrade e Fernando Sasso e os comentaristas eram Zagallo, Raul Plassmann e Carlos Alberto Torres (Galvão Bueno só entrou na última rodada do segundo turno). Nos estúdios da Globo, havia sempre um "locutor de plantão" que sempre entrava no ar nos intervalos mostrando os melhores momentos do primeiro tempo e o comando podia ser de Léo Batista, Fernando Vanucci e Sérgio Éwerton. Os índices de audiência apontavam uma confortável liderança de audiência e era a grande oportunidade da Globo em vencer o Programa Silvio Santos do SBT, então imbatível nas tardes de domingo. O curioso é que a audiência da Copa União era maior no Rio do que em São Paulo e o jogo que estabeleceu recorde de audiência em toda a competição foi em 2 de dezembro na semifinal entre Atlético-MG e Flamengo no Mineirão, que rendeu 51 pontos de audiência à Globo. Porém, em 18 de outubro, a Globo prometeu que mostraria imagens ao vivo de Atlético-MG e Fluminense, valendo vaga nas semifinais na última rodada do primeiro turno, mas não transmitiu em virtude do Grande Prêmio do México de Fórmula 1 que fora mostrado ao vivo no mesmo horário do jogo, às 17 horas. Nessas horas, bem que o Clube dos 13 poderia ter pensado em dividir a transmissão da Copa União entre Globo e Manchete para que mais jogos pudessem ser exibidos ao vivo.
No início, a CBF implicou com a realização do torneio, taxando-o de "liga pirata", mas recuou considerando-o como Módulo Verde e aceitando todas as exigências, enquanto que seu campeonato seria o Módulo Amarelo. Para divulgar o "segundo campeonato do Brasil", o SBT demonstrou interesse e queria exibir 43 jogos da competição por Cz$ 350 mil cada. Mas dos 15 dirigentes dos clubes participantes do Módulo Amarelo (seriam 16, mas o América-RJ boicotou a competição, fora injustamente sacaneado pelo Clube do 13 junto com o então vice-campeão brasileiro Guarani), oito foram contra a proposta e sete a favor. O motivo foi o impasse causado entre números e horários e que a transmissão atrapalharia as outras divisões, com isso o SBT e a CBF não chegaram a um acordo, no qual só veio na transmissão das finais entre Sport e Guarani, cujo título foi dividido por causa da monótona decisão por pênaltis que terminou incrivelmente empatada em 11x11. A CBF ainda quis propor com o Clube dos 13 um cruzamento entre os vencedores dos dois módulos para definir o campeão brasileiro no início do ano seguinte e quem disputaria a Copa Libertadores da América, mas a proposta foi imediatamente recusada. Guarani e Sport riram por último e decidiram o título da belíssima e controversa "Taça das Bolinhas", troféu este que não apareceu na final da Copa União entre Flamengo e Internacional no Maracanã, que por boicotarem o quadrangular decisivo proposto pela CBF, acabaram consequencialmente perdendo suas vagas (que até poderiam ser legitimamente merecidas) para a Libertadores. Entre janeiro e fevereiro de 1988, o SBT desembolsou Cz$ 1,2 milhão pela transmissão dos jogos-finais ao vivo para todo o Brasil, inclusive para Campinas e Recife, sendo dividido para os dois times. As partidas foram transmitidas às 17 horas de domingo por motivos circunstancias pois o Programa Silvio Santos ficou fora do ar por quatro semanas, a emissora precisava tapar os buracos de domingo temporariamente e a tal decisão veio a calhar. Se o segundo jogo terminasse empatado nos 90 minutos, o campeão seria conhecido no cara-ou-coroa. Isso não foi preciso, o time pernambucano levou a melhor.
Com o sucesso da Copa União, o interesse da televisão pelos campeonatos de futebol cresceu assombrosamente, o que transformou a compra dos direitos de transmissão de qualquer competição da modalidade mais popular do Brasil numa verdadeira disputa entre as emissoras pela exclusividade do evento. Com o fim das regras restritivas e a liberação da transmissão de futebol ao Rio de Janeiro quando organiza alguma partida, em 1988, a Rede Manchete adquiriu os direitos de transmissão do Campeonato Carioca de Futebol com exclusividade por Cz$ 120 milhões, dos quais Cz$ 40 milhões eram em forma de espaço promocional, conseguindo levar algumas partidas para as noites de segunda-feira, causando sensíveis mudanças na tabela. A emissora dos Blochs, no mesmo acordo, garantiu também a transmissão exclusiva da competição de 89 e 90 e o rebatizou de Copa Rio.
Quanto ao Campeonato Paulista de Futebol, a compra pelos direitos de transmissão havia se transformado num autêntico leilão: a Rede Globo começou oferecendo Cz$ 137 milhões à Federação Paulista de Futebol, logo a Rede Manchete se dispôs a pagar Cz$ 203 milhões (sendo Cz$ 80 milhões em espaço promocional) e por fim, a TV Record apareceu com Cz$ 240 milhões pela competição. Dias depois, diante das propostas oferecidas pelas emissoras, a federação avisou que queria algo em torno de Cz$ 300 milhões para vender o Paulistão à alguma emissora de TV. Os lances aumentaram: a Globo ofereceu Cz$ 180 milhões com a entrada da Rede Bandeirantes como "aliada", a Rede Manchete estava disposta em pagar os Cz$ 300 milhões sugeridos pela federação (dos quais Cz$ 100 milhões seriam em espaço promocional) e a TV Record deu uma recuada tornando-se a única que defendia a possibilidade da formação de um pool de emissoras com Band e Globo, ideia acatada pelo então presidente da federação Eduardo José Farah que intermediava as negociações juntamente com Carlos Miguel Aydar, então presidente do São Paulo Futebol Clube. Mas a decisão dependia do consenso das outras emissoras e no fim, a Rede Globo levou a melhor com Cz$ 222 milhões pela aquisição do Paulistão.
O valor recebido pela federação foi dividido e distribuído para todos os clubes participantes e pagos em quatro parcelas reajustadas segundo a variação mensal das OTNs na época. A divisão de cotas ficou acertada dessa maneira: Cz$ 17,2 milhões para as despesas da Federação Paulista de Futebol (troféus, prêmios aos melhores e um álbum de figurinhas produzido pela Editora Abril em investimento de Cz$ 9 milhões), Cz$ 15 milhões para os clubes "grandes" São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Santos e Portuguesa, Cz$ 12 milhões para os clubes "médios" Guarani e Inter de Limeira, Cz$ 8 milhões para os 13 demais participantes e mais Cz$ 2 milhões a serem divididos para os clubes que decidirem o título paulista. O contrato previa a transmissão de jogos dos times considerados "grandes" no interior paulista desde que fosse de uma cidade para outra, proibindo o televisionamento para o local que sediava a partida em questão, exceção feita na exibição das finais onde os clubes fizeram antecipadamente um acordo direto com as emissoras liberando o sinal nas cidades onde forem realizadas (no caso São Paulo e Campinas para a exibição da decisão entre Corinthians e Guarani) devido a grande procura de ingressos estimulada pela própria televisão. Os jogos com televisionamento foram marcadas aos sábados à tarde e a noite e às quintas à noite (ou terça em alguns casos). Havia também o direito de revenda e isso beneficiou a Rede Bandeirantes que desembolsou Cz$ 126 milhões pelo pacote de 18 jogos oferecidos pela Globo, que por sua vez reconsiderou o acordo de exclusividade com a federação permitindo a entrada da Band nos jogos de sábado à tarde. Diante do fato, a TV Record acabou sendo preterida das negociações por oferecer metade do valor exigido no contrato Global pelos 18 jogos, cerca de Cz$ 60 milhões, mesmo se dispondo em gerar as imagens da metade das partidas do pacote e cogitada pela federação na transmissão dos jogos de quinta-feira, contentando-se com os VTs dos jogos de domingo (assim como a TV Gazeta de São Paulo fazia habitualmente, já que a TV Cultura resolveu dar mais atenção a Divisão Intermediária da competição). Houve até a cogitação da Band em levar algumas partidas para as noites de segunda-feira, mas os clubes imediatamente rejeitaram a proposta (exceção foi aberta na última rodada do segundo turno com o jogo entre Santos e Botafogo de Ribeirão Preto no Pacaembu, que serviu pra cumprir tabela). Por muito pouco, o Paulistão de 88 não perdeu o brilho quando de um turno para o outro teve que ser paralisado por duas semanas por causa de lances judiciais envolvendo Ponte Preta e Bandeirante de Birigui, ambos rebaixados no campeonato anterior. No total, Guarani e Inter de Limeira foram os times mais televisionados com oito jogos cada um, seguidos de Santos e Palmeiras com sete, Corinthians, São Paulo e São José com seis, XV de Jaú com cinco, Portuguesa, São Bento e Botafogo de Ribeirão Preto com três, Novorizontino, Noroeste, Mogi Mirim, Ferroviária e América de Rio Preto com dois, XV de Piracicaba, União São João e Santo Andre com um e o Juventus foi o único clube que não teve um jogo sequer transmitido pela TV.
Na Copa União de 1988, a Rede Globo inaugurou um novo procedimento de transmissão adotado até hoje por outras emissoras: a cada rodada do campeonato, um jogo é escolhido para ser exibido em rede nacional, menos para o local onde a partida esteja acontecendo, que por sua vez recebe o sinal de um jogo paralelo. Enquanto isso, as emissoras afiliadas podem decidir qual outro jogo de maior interesse a ser mostrado para o público local. Em 1989, a Rede Bandeirantes adquiriu os direitos de transmissão do Campeonato Paulista e mediante a um acordo feito com a Federação Paulista de Futebol, concordou na formação de um pool com as redes Globo e Manchete, além de dividirem o valor de NCz$ 2,2 milhões pelo contrato de transmissão de 31 partidas das cinco fases da competição (11 no primeiro turno, 11 no segundo turno, cinco no terceiro turno, duas nas semifinais e duas nas finais), desde que o televisionamento dos jogos fossem em partidas isoladas às quintas e aos sábados de uma cidade para outra para motivar os torcedores a comparecerem ao estádio. Desse valor pago pelas emissoras, a federação estabeleceu a seguinte divisão de cotas aos 22 clubes que receberiam tal dinheiro em quatro prestações: NCz$ 124 mil para Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Guarani e Portuguesa, NCz$  86 mil para a Inter de Limeira, NCz$ 51 mil para os 13 clubes remanescentes da divisão principal do ano anterior e NCz$ 40 mil para Bragantino e Catanduvense por terem obtido o acesso para disputarem a Divisão Principal, sem contar os NCz$ 600 mil para as despesas da Federação Paulista de Futebol. Quando a TV Record, ainda administrada pela família Carvalho, resolveu pleitear pela vaga deixada pela Rede Manchete, que desistiu da negociação por causa dos horários dos jogos de sábado (18 horas), desembolsando NCz$ 900 mil pela transmissão, a Band alterou o prazo final, encerrando a negociação dos direitos de transmissão, tentando impedir a entrada da emissora na rodada de abertura, que por sua vez ganhou a causa graças a uma liminar que garantiu sua presença no campeonato a partir da segunda rodada. O motivo alegado foi que a Bandeirantes se sentiu "ameaçada", com medo de perder audiência.
O campeonato foi marcado pelo duelo entre as redes Bandeirantes e Record dentro e fora de campo: segundo os índices do IBOPE, no tete-a-tete entre ambas, a média da Band era de 7 pontos de audiência enquanto que a da Record apontava 5 pontos. Nos 22 jogos transmitidos pelas duas emissoras ao mesmo tempo, a Bandeirantes venceu 11 vezes, a Record seis e houve cinco empates (obviamente, a Globo liderava a audiência com um pé nas costas). Durante as transmissões, enquanto que a Band (liderada por Luciano do Valle, Silvio Luiz, Juarez Soares e Mário Sérgio) incluiu seis câmeras exclusivas se unindo a imagem-base do pool gerada por três câmeras, a Record não trabalhava com comentaristas, mas explorava os dados estatísticos fornecidos pela sua Central de Esportes e contava com Osmar Santos no comando da equipe, apesar de driblar os problemas técnicos que surgiam entre um lance e outro, talvez fruto da sabotagem do consórcio Luqui-Bandeirantes. Com a entrada da Rede Globo nas transmissões das partidas (com narração de Oliveira Andrade, comentários de Juca Kfouri e reportagens de Roberto Thomé), alguns jogos tiveram que mudar de horário, sendo realizados às 16 horas nos feriados, durante o segundo turno, e aos sábados, a partir do terceiro turno, e as transmissões do meio de semana foram para as quartas-feiras. O São Paulo foi o clube que mais vezes apareceu nos jogos transmitidos do Paulistão com nove, seguido do Santos com sete, Corinthians com seis, Palmeiras, Bragantino e São José com cinco, Guarani, Mogi Mirim e Portuguesa com quatro, Ferroviária com três, XV de Piracicaba, São Bento e Botafogo de Ribeirão Preto com dois, Noroeste, Inter de Limeira, Santo André e Novorizontino com um e os outros cinco times (Juventus, Catanduvense, XV de Jaú, União São João e América de Rio Preto) não tiveram um jogo sequer televisionado.
Em 7 de junho, a Band conseguiu cassar a liminar da Record que garantia sua transmissão do Paulistão, o canal 7 tentou recorrer no Superior Tribunal de Justiça de Brasília, mas o pedido foi indeferido. A emissora foi expulsa no início do terceiro turno da competição, impedindo sua conclusão de trabalho e, como conseqüência, foi também impedida de transmitir os jogos da Divisão Intermediária, da Copa América, do Brasil nas Eliminatórias da Copa do Mundo, da Copa do Brasil, do Campeonato Sul-Americano de Vôlei e do Campeonato Estadual de Basquete Masculino. O recorde de audiência da Record foi em 11 de maio quando registrou médias de 10 pontos no jogo entre Santos e Corinthians, o recorde da Band aconteceu em 14 de junho quando atingiu médias de 17 pontos na transmissão de Novorizontino e Bragantino e o recorde da Globo foi em 28 de junho no primeiro jogo da final entre São Paulo e São José, quando marcou o índice de 42 pontos de audiência.
Para a transmissão do Campeonato Brasileiro de 1990, um fato incomum aconteceu: a Rede Globo tinha o "direito de preferência" do Clube dos 13, responsável pela negociação dos contratos de TV e publicidade da divisão principal da competição, mas o Brasil vivia momentos difíceis na economia, exigiu a redução da cota pelos direitos de transmissão avaliada em 4,5 milhões de BTNs. Por incrível que pareça, sua proposta foi recusada e consequentemente acabou perdendo o interesse pelo campeonato. A desculpa Global encontrada foi a audiência dos jogos do Brasileirão de 89 que "beirava" os 20 pontos, empatando com os índices obtidos normalmente com o Domingão do Faustão no mesmo horário. Mentira, a Globo juntamente com Manchete e Bandeirantes, chegou a marcar picos de 45 pontos de audiência acumulada na transmissão de algumas partidas. Diante do fato, a Rede Bandeirantes cobriu a oferta e conseguiu a exclusividade do Brasileirão de 90, transmitindo ao todo 44 jogos ao vivo, garantindo também a exclusividade em 1991, considerando-o um artigo de luxo em sua grade amplamente dominada pelo esporte na época e quebrou sucessivos recordes de audiência: em 8 de dezembro de 1990, a semifinal entre Grêmio e São Paulo registrou uma média de 19 pontos de audiência, mas durante o segundo tempo atingiu o pico de 28 pontos contra 26 da Globo que exibia a então recém-lançada novela Lua Cheia de Amor; em 16 de dezembro de 1990, a final paulista entre Corinthians e São Paulo marcou 26 pontos de média e 51 pontos de picos (mas a Band garante que o índice alcançado nesse jogo foi de 53 pontos de audiência); e em 9 de junho de 1991, a outra final paulista entre Bragantino e São Paulo teve médias de 25 pontos e um pico de 34 pontos contra 16 da Globo que apresentava mais um Domingão do Faustão.
A Federação Paulista de Futebol queria vender os direitos de transmissão do estadual de 1991 por US$ 5 milhões, mas as emissoras interessadas acharam o valor alto demais. As redes Globo, Bandeirantes e a novata Jovem Pan, em esforço conjunto, pagaram US$ 2,7 milhões pelo Paulistão daquele ano (Band e Globo pagaram US$ 800 mil cada uma e a TV Jovem Pan teve que desembolsar US$ 1,1 milhão), só que a JP teve que pagar quase 50% de ágio (diferença entre a cotação do dólar e do cruzeiro na época) pela sua estréia na competição. Mostrando que queria garantir presença no campeonato, a Pan proibiu a TV Cultura de fazer os tradicionais VTs das partidas no fim da programação de domingo, cujo direito só seria permitido se houvesse um acordo comum entre as três emissoras. O tal direito só foi possível nas finais do torneio entre São Paulo e Corinthians, que curiosamente foram as únicas partidas transmitidas pela Rede Globo durante todo o campeonato, já que não exibiu um jogo sequer das três fases anteriores. E pior: se "esqueceu" que tinha um acordo firmado com a TV Gazeta, liberando o sinal de uma porção de eventos esportivos que não tivesse condições de transmitir por causa dos horários da programação. A polêmica atitude deu o que falar não só no Paulistão, mas alguns meses antes quando adquiriu os direitos exclusivos de transmissão da Copa América por US$ 150 mil apenas para mostrar os jogos do Brasil e nada mais. Outra medida controversa: no começo do ano, a Globo dividiu o montante de US$ 240 mil a Flamengo e Corinthians pelos direitos de transmissão da Copa Libertadores da América e em 17 de abril, a partida entre Boca Juniors e Corinthians em Buenos Aires ocorreu ao mesmo tempo em que jogavam Brasil e Romênia em Londrina num amistoso internacional. Enquanto que a Globo mostrava para toda a rede o jogo da Seleção Brasileira, o estado de São Paulo foi "obrigado" a assistir a partida das oitavas-de-final da Libertadores, causando críticas aos especialistas do assunto. Sorte que os paulistas puderam ver pelo menos os 10 minutos finais do jogo da Seleção Brasileira porque aos 32 minutos do primeiro tempo, houve queda de energia elétrica no Estádio do Café e paralisou a partida por 18 minutos.
A corrida pela compra dos direitos de transmissão e negociações desse porte chegou ao apogeu nos anos 90 quando a CBF ofereceu US$ 1,2 milhão pelos quatro jogos do Brasil em casa pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1994 e mais US$ 400 mil por dois amistosos internacionais contra Paraguai e México também disputados em casa. Um número recorde de cinco emissoras (Globo, Bandeirantes, SBT, Manchete e CNT/Gazeta) ratearam a importância e toparam em transmitir os jogos da Seleção Brasileira pelas Eliminatórias, mas quanto aos amistosos apenas Band e Globo aceitaram a proposta.
Voltando as competições nacionais, o sucesso das transmissões da Bandeirantes pelo Campeonato Brasileiro despertou o interesse da Globo e ofereceu uma proposta tentadora ao Clube dos 13: US$ 16 milhões por três anos de exclusividade sendo US$ 4 milhões para 1992, US$ 5 milhões para 1993 e US$ 7 milhões para 1994. Mas a Band tinha contrato em vigência desde 1990, renovou seu contrato em 1992 por US$ 2 milhões e reconsiderou sua exclusividade negociando um pool de transmissão com a Globo nos jogos dos finais-de-semana, aos sábados em sinal aberto e aos domingos, uma grande novidade: a transmissão via TV por assinatura através da emergente Globosat. Então, escolhia três jogos a serem levados ao ar simultaneamente e iam ao ar pelos canais Top Sports (que mais tarde seria rebatizado de SporTV), GNT e Multishow. Em 1993, as duas emissoras se tornaram sócias e chegaram a um acordo na aquisição dos direitos de transmissão do Brasileirão: dos US$ 3 milhões propostos pelo Clube dos 13, 70% do valor foi pago pela Globo e os outros 30% pela Band (cuja divisão era proporcional a audiência média de ambas). E em 1994, o valor pago foi de US$ 4 milhões, sem contar a entrada da TVA Esporte (que depois seria denominada ESPN Brasil) que assinou com a CBF um contrato de US$ 1,3 milhão pela transmissão do Campeonato Brasileiro de Futebol até 1998  (sendo US$ 250 mil por ano) com direito de renovação de contrato até 2001. Em cada temporada, o valor do montante era dividido por igual entre os clubes participantes e o televisionamento em sinal aberto só era permitido para os jogos do meio-de-semana (isolados da rodada) e os de sábado. A chegada do Plano Real deve ter facilitado o acesso de custos de aquisição pelos direitos de transmissão do futebol. No Campeonato Paulista de 1995, quatro emissoras pagaram R$ 4,5 milhões (em 1994, o valor foi de US$ 3 milhões): Bandeirantes e Globo desembolsaram em conjunto R$ 3,3 milhões pela transmissão em TV aberta, a ESPN Brasil pagou R$ 700 mil para executar sua primeira transmissão ao vivo de uma competição brasileira, antes ia pro ar só em VT, e o SporTV ofereceu R$ 500 mil. Ainda em 1995, a CBF oferecia R$ 100 mil para Bandeirantes, Globo e SBT poderem transmitir os amistosos internacionais da Seleção Brasileira em casa.
Já o Campeonato Brasileiro de 1995 foi atípico: Bandeirantes e Globo estavam dispostos a pagarem mais R$ 5 milhões pela renovação do contrato e firmar compromisso com os clubes, só que apareceu a Rede Record oferecendo R$ 12 milhões pela exclusividade e a exigência de mudanças no regulamento. O fato foi visto na época como tentativa de quebra de contrato por parte dos clubes e o "oligopólio da bola" Band/Globo se esforçaram ao máximo para dobrarem a oferta prevista por contrato e conseguiram desembolsar R$ 10,1 milhões, sendo R$ 7,4 milhões pagos pela Globo e R$ 2,7 milhões pela Band pela exibição em sinal aberto de 15 partidas aos sábados e 15 partidas no meio da semana. Somando habituais os R$ 250 mil prometidos da ESPN Brasil, os integrantes do Clube dos 13 receberam cerca de R$ 300 mil cada, enquanto que os outros participantes dividiram o valor restante. O campeonato começou em 19 de agosto, mas alguns dias depois, a imprensa lançou o seguinte burburinho: a Rede Globo quer trazer de volta o hábito de transmitir regularmente futebol aos domingos no estranho horário das 19 horas e isso só foi possível na quinta rodada da competição, em 3 de setembro, após duas semanas de negociações. Isso trouxe sensíveis alterações na programação dominical Global, como a suspensão do programa Os Trapalhões à tarde, o Domingão do Faustão indo ao ar antecipadamente e o Fantástico e a sessão Domingo Maior exibidos em horários avançados. A medida foi alvo de críticas já que a estratégia era vencer o Programa Silvio Santos do SBT na Grande São Paulo nessa faixa de horário. A Globo desembolsou mais R$ 7 milhões ao Clube dos 13 pela tal extravagância e foram divididos da seguinte forma: R$ 130 mil reais para cada time que tiver um jogo seu televisionado e mais uma cota fixa de R$ 140 mil para cada um dos 24 clubes participantes do Brasileirão. A Globo tinha carta-branca em escolher o local e o jogo que levaria ao ar inclusive para a cidade-sede da partida (de preferência em campo-neutro como Fortaleza, Ribeirão Preto, Uberaba, Brasília e Vitória) e o plano deu certo: as transmissões exclusivas nas noites de domingo atingiram índices líderes de cerca de 40 pontos de audiência em todo o Brasil e conseguiu derrotar o SBT na corrida ibopística. Só na fase de classificação seriam 14 jogos, mas acabou sendo 20 porque no segundo turno a emissora-líder decidiu regionalizar as transmissões e transferiu seis jogos para o horário noturno. Teve que gastar mais R$ 1,6 milhão pela brincadeira, valor este recusado pela Band para entrar nas transmissões de domingo à noite, para cobrir o valor total das cotas por jogo, avaliada em R$ 260 mil (valor este também oferecido para transmitir uma das semifinais no horário maluco, entre Santos e Fluminense e a decisão entre Santos e Botafogo). A Band só entrou nas transmissões das noites de domingo na última rodada do segundo turno com o jogo entre Santos e Guarani no Pacaembu, além da semifinal e final. Só que a Globo se deu bem nessa estratégia maluca e foi de longe a grande campeã, antes mesmo da conclusão da competição, cuja saúde financeira era traduzida nos R$ 8 milhões que cobrava por cada cota de patrocínio pelas transmissões de futebol durante toda a temporada de 1995, adquiridas por Coca-Cola, Kaiser, Grendene, General Motors e Itaú. Quinze dos 24 participantes foram os grandes privilegiados pelos televisionamentos e acumularam altas cifras: Atlético-MG, Corinthians e Santos tiveram cinco jogos transmitidos e embolsaram R$ 650 mil, seguidos de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras com quatro jogos e mais R$ 520 mil cada um, Internacional com três partidas recebendo R$ 390 mil, São Paulo e Vasco com dois jogos e faturando R$ 260 mil e Cruzeiro, Grêmio, Guarani, Paraná e Vitória com apenas um jogo transmitido recebendo R$ 130 mil.
Entre 1996 e 1997, o interesse pelo esporte na televisão cresceu assombrosamente. As modalidades passaram a ser mais valorizadas, integraram a grade fixa das emissoras e o valor dos direitos de transmissão inflacionaram de 400 a 500%. O Campeonato Paulista de Futebol de 1996 teve seus jogos transmitidos por um número recorde de seis emissoras (quatro abertas e duas pagas): Globo, Bandeirantes, Record, CNT/Gazeta (que exibiu apenas VTs e compactos dos jogos), ESPN Brasil e SporTV pagaram juntas a importância de R$ 12,1 milhões porque o SBT ofereceu uma proposta de R$ 7 milhões pela exclusividade e submeteram ao seguinte acordo com a federação paulista: as TVs abertas transmitiriam 30 jogos isolados da rodada às quintas e aos sábados e as TVs por assinatura mostrariam dois jogos por rodada às quartas e aos domingos. Quanto ao Campeonato Brasileiro de Futebol, eram para ser R$ 6 milhões pelos direitos de transmissão, mas o SBT ofereceu o montante de R$ 16 milhões pela exclusividade. Porém, para manter o compromisso com o Clube dos 13, a dupla Band/Globo pagaram R$ 15,3 milhões, enquanto que a TVA/ESPN Brasil manteve o acordo dos R$ 250 mil e isso ajudou os 24 clubes participantes a arrecadarem R$ 1,3 milhão cada um por toda a competição.
Se o Campeonato Paulista de 1997 custou R$ 13,5 milhões a cinco emissoras de TV (Globo, Bandeirantes, Record, ESPN Brasil e SporTV) pelos direitos de transmissão, o Campeonato Brasileiro teve seus lances mais dramáticos antes mesmo da bola rolar: o SBT ofereceu R$ 146,2 milhões pela exclusividade do Brasileirão até 1999 (R$ 45,6 milhões para 1997, R$ 48,3 milhões para 1998 e R$ 52,3 milhões para 1999), até em TV por assinatura, atendendo uma série de benefícios aos clubes. Eles não queriam jogar depois das 21 horas, não queriam a transmissão de um jogo realizado na mesma cidade em que é realizada e queriam que todos os jogos programados transmitidos. Então, foi planejado que as transmissões ocorressem nas quartas às 21 horas e nos sábados às 17 horas. Mas a principal exigência era a criação de um canal de TV por assinatura para que todos os clubes pudessem divulgar seus projetos, além de inaugurar o sistema pay-per-view no Brasil, cujos clubes teriam uma participação, além dos merchandisings e promoções do sistema 0900. O clube dos 13 se interessou pela proposta tentadora do SBT, mas isso seria visto como quebra de contrato vigente dos clubes pois havia uma cláusula prevendo que após o vencimento de contrato, em 1996, as redes Bandeirantes e Globo, que tinham o tão controverso "direito de preferência", podiam renová-lo cobrindo qualquer oferta da concorrência, desde que aceite as exigências das equipes. Então, mediante a proposta inicial de R$ 25 milhões anuais até 1999, as duas emissoras pagaram R$ 23 milhões pela transmissão de 1997 (transmitindo os jogos ao vivo todas as quartas e sábados à noite, às 21h45), mas a batalha pelos direitos de transmissão só estava começando. Faltando um mês para o início do campeonato, a operadora Globosat ofereceu ao Clube dos 13 R$ 6,7 milhões pela exclusividade da transmissão de dois jogos semanais e de quebra aceitou em desembolsar mais R$ 2,7 milhões por um pacote de jogos com um grupo de times medianos que não integravam a entidade, sendo batizada pela mídia de "clube dos 11". Ou seja, o Clube dos 13 vendeu algo que não lhe pertencia, cujo direito era da operadora TVA, porém, quando entrou na Justiça para valer os seus direitos, sofreu uma grande derrota: verificou-se que a negociação feita em outubro de 1993 não era reconhecida pelo Clube dos 13, alegando que o contrato havia sido feito individualmente com os clubes. Só que dias depois, aconteceu a reviravolta: o "clube dos 11" fechou contrato de R$ 2,7 milhões com a TVA/ESPN Brasil pelos direitos de transmissão dos seus jogos, que por sua vez concordou em reajustar os valores de seu contrato, que contava com uma cláusula inusitada: o time integrante do "clube dos 11" mandante de campo num determinado jogo podia proibir a entrada de uma equipe de TV (no caso do SporTV) com a qual não tinha contrato. Resultado: com os R$ 9,4 milhões gastos ao todo pelo SporTV pelo Campeonato Brasileiro de 1997, deu-se portanto o início do domínio absoluto das Organizações Globo nas transmissões de futebol da TV brasileira.
Para o Campeonato Brasileiro de 1998, Band e Globo elevaram as ofertas pela compra dos direitos de transmissão, pagando R$ 35 milhões e a Globosat/SporTV com mais R$ 20 milhões. E em 1999, as dupla Band/Globo gastaram cerca de R$ 40 milhões e o SporTV cerca de R$ 30 milhões, tudo para firmar compromisso com os clubes exigindo em contrato e isso se mantém até hoje com valores cada vez mais inflacionados e surpreendentemente superfaturados. Tudo estava "normal", até que em novembro de 2002, começaram a rotina das negociações pelos direitos de transmissão do Campeonato Paulista de 2003: a Globo, que tinha o "direito de preferência" a seu favor, teria recusado em pagar R$ 12 milhões, preço estipulado pela Federação Paulista de Futebol para a transmissão dos jogos, considerada alta demais. Com isso, o presidente da federação Eduardo José Farah surpreendeu a todos e negociou pessoalmente com o SBT a transmissão que por sua vez cobriu a oferta e fez alarde da exclusividade da competição colocando vários jogos em horários incomuns na TV aberta: 21 horas às quartas-feiras, 18 horas aos sábados e 11 da manhã aos domingos, só que mexeu num ninho de vespas cutucando onça com vara curta. A Globo ficou possuída de ciúmes e pra piorar a situação, sua correspondência chegou à federação paulista com uma semana de atraso quando havia expirado o "direito de preferência" 30 dias depois do SBT ter acertado a negociação e fez judicialmente de tudo para impedir a entrada da emissora de Silvio Santos, ignorando a decisão da entidade. Na rodada de abertura do Paulistão 2003, a Globo conseguiu transmitir Santo André e Santos ilegalmente, mesmo ameaçada a se retirar do estádio se continuasse transmitindo, e alguns dias depois conseguiu uma liminar expulsando o SBT e conquistando o direito de transmissão do campeonato. Foram seis reviravoltas judiciais na disputa dos direitos de transmissão da competição por Globo e SBT, ou seja, a guerra entre as duas emissoras ia além dos pontos de audiência. Uma semana depois, a Globo consegue uma liminar judicial garantindo total exclusividade da competição. A Rede Record aparece como "aliada" da emissora carioca na transmissão de alguns jogos que não seriam mostrados pela mesma (às 21 horas de quarta e às 18 horas de sábado). Só que cinco dias antes do jogo de abertura, o Tribunal de Justiça decidiu devolver a "exclusividade" ao SBT, desde que dividisse o sinal de transmissão dos jogos com a Globo, devido ao tal critério do "direito de preferência", detalhe esse que a Globo não reparou, somente em 15 de fevereiro quando o Tribunal de Justiça baixou o martelo definitivamente e homologou definitivamente a devolução dos direitos de transmissão ao SBT, a Record acaba desistindo das transmissões em 23 de fevereiro por causa da baixa audiência e a Globo continuou exibindo os jogos normalmente. Pra matar a curiosidade dos nosso amigos, a equipe do SBT durante os dois meses de Paulistão tinha o apresentador Elia Júnior, os narradores Dirceu Maravilha e Paulo Andrade, os comentários do ex-goleiro Zetti, do roqueiro Léo Jaime e da jornalista Mariah Moraes e os repórteres Elias Awad, Silvia Vinhas, Valmir Jorge e Eliane de Carvalho. E assim permaneceu até a conclusão da competição, cujo regulamento das finais era tão confuso e polêmico quanto a disputa pelos direitos de transmissão. Mas isso é uma outra história.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

HISTÓRIA: Futebol na Telinha - 2ª Parte

Continuando a história sobre as transmissões de futebol na TV brasileira, nos anos 70, as transmissões internacionais se tornam mais comuns após a Copa do Mundo do México, mas os clubes e as federações passam a cobrar cifras cada vez mais altas as TVs para transmitir futebol direto, talvez dificultando o trabalho das emissoras temerosas numa queda de público, pois na época, repito, os clubes vivam da renda dos jogos. Se na década de 50, era um sacrifício transmitir futebol de uma cidade para outra, a partir da década de 70, bastava apenas subir o satélite e tudo pronto. Mas precisamos entender que tal avanço se deve com a incorporação do Brasil no Consórcio Intelsat de Comunicações por Satélite em 17 de maio de 1965, quando a Embratel estava dando seus primeiros passos. Mas em fevereiro de 1969 com a inauguração a Estação Terrena Rastreadora de Comunicações de Sinais Via Satélite do Brasil, a Tanguá I, no município de Itaboraí, a 30 quilômetros de Niterói, Guanabara, com antenas parabólicas receptoras de 30 centímetros de diâmetro e uma torre transmissora de 50 metros de altura, nosso país pôs em prática a transmissão direta de acontecimentos internacionais de 63 países através do consórcio com o satélite Intelsat III, obrigando as emissoras a possuírem um equalizador de imagens, instrumento importante para transmissões deste porte.
O sistema de troncos da Embratel  e o consórcio de comunicações por satélites com a Intelsat facilitou e muito o procedimento de transmissões internacionais. Depois da Copa do Mundo de 1970, o primeiro jogo internacional transmitido pela TV brasileira foi em 28 de julho de 1971, às 20h30, com o vulgarmente conhecido "superclássico" entre Brasil e Argentina direto de Buenos Aires, em partida válida pela Copa Roca, pelas TVs Tupi, Cultura e Gazeta. O fato permitiu experiência as emissoras a terem uma rotina de transmissões de jogos fora do Brasil. A Copa Libertadores da América era ideal para tal, mas demorou um certo tempo para que a televisão brasileira pudesse transmitir ao vivo um jogo de um time brasileiro em gramados estrangeiros. O primeiro jogo televisionado desse procedimento todo aconteceu às 21 horas de 4 de maio de 1972 com a partida entre Independiente e São Paulo direto de Buenos Aires pelas TVs Gazeta e Bandeirantes de São Paulo. Na época, o regulamento da Libertadores determinava que o mandante de campo comercializasse o jogo e sua transmissão, ficando com 80% da cota, enquanto o visitante detinha apenas 20% do que for ganho com os direitos e mais: as emissoras também tinham que gastar dinheiro com aluguel de material para transmissão, de cabine nas tribunas de imprensa e um canal de satélite. O valor da cota dos clubes variava conforme o tempo e ficava em torno de U$ 30 mil, enquanto que a despesa da transmissão custava cerca de U$ 50 mil. Só que o saudoso narrador esportivo Walter Abrahão garantia que a primeira transmissão direta de futebol realizado pela TV brasileira fora do nosso país teria acontecido na noite de 29 de novembro de 1969 como um teste para a Copa do Mundo do ano seguinte, executado pela TV Tupi. A partida foi entre Racing Club e Santos direto de Mar Del Plata, Argentina, pela extinta Recopa dos Campeões Intercontinentais, com vitória do time argentino por 2x1.
Voltando ao Brasil, a luta das emissoras em poder transmitir jogos daqui mesmo do Brasil continuava, mas no meio dos anos 70, uma série de tentativas e acordos foram colocados em prática para possibilitar o que chamavam na época de "futebol direto". As coisas pareciam mudar em 14 de dezembro de 1975 quando Internacional e Cruzeiro fizeram a final do Campeonato Brasileiro de Futebol daquele ano. As três redes de então (Globo, Tupi e REI) desembolsaram Cr$ 200 mil pelos direitos de transmissão (marcada para as 17 horas) e mostraram o jogo em um pool de imagens colocando um esquema inédito de cinco câmeras espalhadas por todo o Estádio do Beira-Rio. Como a procura de ingressos era enorme, a CBD autorizou a transmissão do jogo também para Porto Alegre.
Em 1976, a Federação Paulista de Futebol, para superar a crise de público nos estádios, fez um acordo com as emissoras Cultura, Gazeta, Record e Bandeirantes para que onze partidas do primeiro turno do Campeonato Paulista de Futebol daquele ano pudessem ser transmitidas pela televisão nas noites de domingo de 4 de abril à 4 de julho. Naquela época até hoje, é um absurdo colocar um jogo de futebol pra ser exibido ao vivo pela TV às 21 horas, horário programado pela federação. Para isso cada emissora tiveram que desembolsar a bagatela de Cr$ 130 mil por jogo para tornar possível algo que os dirigentes da época relutavam muito porque os clubes eram sustentados pela renda dos jogos e a TV fazia a renda do jogo cair. Por outro lado, cada clube recebia Cr$ 65 mil de cota fixa por jogo televisionado e a audiência acumulada das emissoras em cada jogo televisionado foi em torno de 20 a 30% (encostando em algumas vezes nos índices do "Fantástico" da Rede Globo), o equivalente a 4 milhões de "tele-torcedores", mas mesmo assim, os dirigentes implicavam com a cota devido a baixa renda do estádio, alegando receber mais de Cr$ 100 mil por partida e sem TV. Palmeiras e São Paulo foram os que mais lucraram, tiveram três jogos televisionados cada um e receberam a quantia de Cr$ 195 mil, Corinthians, Portuguesa e Comercial de Ribeirão Preto acumularam uma importância de Cr$ 130 mil só com os jogos pela TV, enquanto que outros 10 times (Santos, Juventus, São Bento, Ferroviária, Noroeste, Paulista de Jundiaí, Botafogo de Ribeirão Preto, América de Rio Preto, Marília e XV de Piracicaba) ganharam Cr$ 65 mil cada um com uma única partida transmitida.
Mas em 13 de junho, as TVs Record e Bandeirantes (sem contar a TV Tupi, que esteve fora do acordo) transmitiram à tarde a final da Taça Guanabara entre Vasco e Flamengo direto do Maracanã e infringiram uma cláusula contratual que proibia a exibição ao vivo de qualquer jogo de futebol de outra localidade realizado simultaneamente com os de São Paulo. Como pena, foram proibidas de exibirem o restante das partidas do pacote e não puderam receber imagens cedidas de outras emissoras de gols de outros jogos e nem mesmo exibir os vídeo-tapes de outras partidas do primeiro turno. Restaram as TVs Cultura e Gazeta para a transmissão dos três jogos restantes e até a Globo, também não-inclusa no acordo, estava autorizada por não infringir a regra, mas desde quando a Globo iria exibir futebol às 21 horas de domingo em pleno horário do "Fantástico"? Ainda em 1976, a então recém inaugurada TV Educativa do Rio de Janeiro, tinha uma moderna unidade de transmissão externa na qual gerava direto imagens de jogos de futebol direto do Estádio do Maracanã e oferecia as emissoras de outras cidades brasileiras e também às grandes redes um aluguel de Cr$ 1.500 por cada transmissão, que sempre ocorria às quartas, sábados e domingos.
Em outubro de 1977, o interesse das emissoras de TV pelo jogo que tiraria o Corinthians do jejum de quase 23 anos sem títulos contra a Ponte Preta era tanto que a Federação Paulista de Futebol convocou os representantes de todas as emissoras de São Paulo para estabelecer a seguinte tabela de preços: as finais do Campeonato Paulista daquele ano custariam Cr$ 12 milhões mais uma cota estabelecida de renda em Cr$ 4 milhões por jogo para que as emissoras pudessem cobrir a diferença caso tal valor não fosse alcançado com a venda de ingressos. Então, as TVs Globo e Tupi pagariam Cr$ 3 milhões, Bandeirantes e Record desembolsariam Cr$ 1,8 milhão e Cultura e Gazeta ficariam com Cr$ 1,2 milhão para poderem transmitir ao vivo a histórica decisão. O narrador Walter Abrahão, que também era diretor do Departamento de Esportes da TV Tupi, ficou descontente com a divisão desigual de valores proposto pela federação e sua emissora desistiu do contrato (pena que não foi levado em conta a participação proporcional em audiência das emissoras durante um certo período). A saída da Tupi na negociação levou as cinco emissoras restantes a racharem o valor que seria pago pela estação do Sumaré: Cr$ 600 mil para cada uma. A primeira das três parcelas tinha que ser depositada nove horas antes do primeiro jogo da final para que fosse exibida pela TV e isso quase desmotivou as emissoras. Como a Globo estava interessada em cobrir sozinha os valores e transmitir as finais com exclusividade, mas a Bandeirantes mantinha contato direto com a Federação Paulista as quatro emissoras se esforçaram ao máximo para não ficarem de fora das finais e ainda tiveram que cobrir cerca de Cr$ 1,3 milhão da renda do primeiro jogo (que foi de Cr$ 2,6 milhões) e cerca de Cr$ 700 mil da renda do terceiro jogo (que foi de Cr$ 3,3 milhões). A renda do segundo jogo ultrapassou os 4 milhões (precisamente Cr$ 4,2 milhões) e permitiu que as emissoras de TV não gastassem um centavo a mais. O custo total foi de Cr$ 15,9 milhões e o chato é que todo esse dinheiro não serviu de cotas para os finalistas, foi tudo para os cofres da federação.
Em 15 de novembro de 1977, o clássico carioca entre Flamengo e Fluminense, direto do Maracanã, válido pelo Campeonato Brasileiro daquele ano, quase foi transmitido pela Rede Globo, apesar da autorização dos dirigentes dos dois clubes (principalmente do Flamengo que queria comemorar o aniversário do clube com o televisionamento da partida). O motivo foi uma liminar da Justiça concedida pelo juiz da 7ª Vara Cível Mauro Junqueira e obtida pelo superintendente da Suderj Jovino Pavan proibindo não apenas o televisionamento para todo o país, menos para Rio e São Paulo, mas também a gravação do vídeo-tape do jogo pela TVE, no qual o tricolor venceu o jogo por 2x1 pondo água no chope na festa dos 82 anos do rubro-negro. O jogo só seria transmitido na seguinte condição: se o juiz fizesse uma autorização por escrito e o presidente do Flamengo, por sua vez, emitisse uma nota oficial permitindo a entrada das emissoras de TV para mostrar o jogo e que fosse publicada por todas elas.
O Paulistão de 1978 foi um dos mais tumultuados de todos os tempos e teve que ser decidido no ano seguinte. São Paulo e Santos foram os times que sobreviveram a competição e decidiram o título. Como os dois primeiros jogos não puderam ser transmitidos ao vivo, a terceira e decisiva partida despertou o interesse das redes Globo, Bandeirantes e Record e a Federação Paulista estabeleceu que as três emissoras tinham que completar a renda de Cr$ 8 milhões se todos os ingressos não fossem vendidos. A renda do terceiro jogo foi de cerca de Cr$ 5,5 milhões e as emissoras de TV tiveram que rachar o valor total de cerca de Cr$ 2,4 milhões para completar a cota da bilheteria. A TV Gazeta foi responsável pela geração de imagens do jogo e foi a única que fez o VT completo do jogo, exibido de madrugada.
As finais do Campeonato Paulista de 1979, também realizadas no ano seguinte era uma "reprise" de 77, tanto nos adversários quanto nos gastos. A federação solicitou às redes Globo, Bandeirantes e Record a completarem uma cota de Cr$ 12 milhões de renda por cada jogo, mas as emissoras propuseram pagar uma cota fixa de Cr$ 2,5 milhões, só que Ponte Preta e Corinthians não se interessaram, com medo de uma queda na renda (se os representantes das TVs fossem mais espertos, poderiam ter aumentado a cota para Cr$ 3 milhões por jogo). Os dois primeiros jogos foram transmitidos pela TV: na primeira partida a renda foi cerca de Cr$ 9,5 milhões e as emissoras completaram Cr$ 2,5 milhões e na segunda partida, a renda foi cerca de Cr$ 8,7 milhões e as TVs tinham que completar com cerca de Cr$ 3,2 milhões. Para o terceiro jogo, não houve acordo entre as emissoras e os clubes e pior, não concordaram em pagar uma compensação financeira para gravar o jogo na íntegra. A exibição de vídeo-tapes não era paga, só que houve desinteresse pelas emissoras pelo fato de ser aberto um precedente com a cobrança do VT. A TV Cultura era era a única emissora autorizada a enviar sua unidade externa no Estádio do Morumbi, gravar o jogo na íntegra e disponibilizar cópias as demais emissoras autorizadas, mas se desinteressou devido a obrigatoriedade do acordo financeiro com os dois clubes proposto pela federação que diante do fato, proibiu as emissoras de enviarem suas unidades de transmissão externa ao estádio. A venda antecipada de ingressos estava muito fraca e completar a cota de 12 milhões representaria um risco muito grande para as emissoras. Pra decepção dos torcedores que não foram ao estádio, não foi divulgado comunicado algum sobre a ausência da televisão na transmissão da final, acreditando que os clubes e a federação voltariam a atrás e tomaria uma decisão de última hora autorizando a transmissão pela TV. A alternativa encontrada para Globo, Bandeirantes e Record foi documentá-la com uma câmera portátil de reportagem e, segundo determinação da Federação Paulista de Futebol, exibir um compacto de apenas 3 minutos da decisão. O tal acordo feito nos jogos anteriores seria mantido e as duas emissoras teriam que pagar cerca de Cr$ 3 milhões, já que a renda do jogo que deu mais um título paulista ao Corinthians foi de quase Cr$ 9 milhões.
Em 1980, São Paulo e Santos decidiram o título paulista, mas não houve acordo entre eles e as emissoras de televisão pra frustração de quem não foi ao estádio. Por causa disso, a Federação Paulista estabeleceu uma tabela de multas para quem infringir as regras: Cr$ 5 milhões para quem por o VT do jogo antes do horário pré-determinado (às 22 horas nos finais de semana e às 23h30 no meio de semana), Cr$ 10 milhões pra quem transmitir o jogo ao vivo para o interior paulista e outros estados brasileiros e Cr$ 25 milhões para quem transmitir para a capital e litoral paulista. O primeiro jogo, realizado numa tarde de domingo, teve a exorbitante renda de cerca de Cr$ 13,4 milhões e o segundo jogo, numa noite de quarta-feira, a renda foi de Cr$ 8,9 milhões. As TVs Cultura, Gazeta, Record e Bandeirantes foram as únicas que exibiram as finais em VT .
Em 1981 foi um passo decisivo para o entendimento entre dirigentes e diretores de televisão. O Campeonato Paulista daquele ano foi importante na harmonização de relacionamento até então divergente entre as duas classes. O televisionamento só foi liberado a partir da fase final do primeiro turno, o chamado "Octogonal". O acordo previa que os grandes clubes jogariam no interior nos finais de semana e na capital no meio da semana com o objetivo de arrecadar melhores rendas e consequentemente para autorizar a transmissão dos jogos fora da cidade em que está sendo sediado. Cada cota foi estabelecida em Cr$ 1,5 milhão sendo dividido entre as equipes por cada jogo e a Rede Globo foi a que transmitiu a maioria das partidas, nas tardes de sábado (16 horas) e nas manhãs de domingo (11 horas), enquanto que a TV Record ficava com as noites de sábado (21 horas e depois autorizada a dividir alguns jogos das tardes de sábado com a Globo no segundo turno). Nessa fase foram apenas sete jogos transmitidos, mas no segundo turno foram 22 televisionamentos, sendo que a TV só foi autorizada a partir da oitava rodada. Temos que lembrar que em 1981 a Globo resolveu investir firme na cobertura esportiva, adotando como slogan "81, o ano do esporte na Globo", e por essa razão, dois jogos do Campeonato Paulista enfrentou a concorrência das corridas de Fórmula 1: na manhã de 13 de setembro, devido a transmissão do Grande Prêmio da Itália, apenas o segundo tempo de Taubaté e São Paulo foi exibido; e em 17 de outubro, fez com que Botafogo de Ribeirão Preto e Corinthians entrassem em campo uma hora mais cedo por causa do Grande Prêmio dos Estados Unidos, a corrida decisiva que deu o título mundial ao piloto brasileiro Nelson Piquet.
Na fase final do segundo turno, aumenta o interesse das emissoras pelo Paulistão e a federação aumenta o valor das cotas por jogo: Cr$ 2 milhões a serem divididos para cada clube e mais Cr$ 400 mil a ser dividido entre todos os jogadores que estiverem em campo (o chamado direito de arena). Juntamente com a Globo (que contava com Luciano do Valle, Carlos Valladares, Juarez Soares e Roberto Cabrini), entram no pool de emissoras a Record (que tinha Silvio Luís, Luiz Alfredo, Pedro Luís, Milton Peruzzi, Flávio Prado e Eli Coimbra) e a Bandeirantes (que resolveu inventar o apresentador Nei Costa na função de locutor esportivo na tentativa de concorrer com Silvio Luiz da Record, deslocando o narrador titular Fernando Solera para outras modalidades). Até o recém-inaugurado SBT se interessou pela transmissão, mas propôs a federação em transmitir os jogos nas noites de sábado (21 horas) e nas manhãs de domingo (10h30) com exclusividade, mas por falta de patrocinador a ideia foi abandonada. Foi o que aconteceu em 24 de outubro com o jogo entre Guarani e XV de Jaú, que teve de ser adiado para o dia seguinte e a transmissão cancelada, deixando os dois clubes sem receber cota alguma. Teve que lançar mão de um procedimento muito comum nas emissoras da época: fazer o vídeo-tape dos jogos da capital todo domingo no encerramento da programação (a equipe era formada por Walter Abrahão, Sérgio Backlanos e Édson Bolinha Curi). Na última rodada do "Octogonal" do segundo turno, a Globo ofereceu Cr$ 5 milhões, incluindo o direito de arena, para transmitir o clássico entre Corinthians e São Paulo às 11 da manhã de domingo, mas a federação queria Cr$ 6 milhões e não houve acordo. Porém, por um erro de organização, a transmissão pela TV da última rodada deveria ter sido liberada, pois o "grupo branco" já estava definido: o São Paulo classificado e o Corinthians eliminado. Outro erro: na penúltima rodada, como liberaram a transmissão direta no meio da semana, dava muito bem pra federação atender a tal exigência do SBT e liberar uma transmissão exclusiva a emissora com o jogo entre XV de Jaú e São Paulo, enquanto que no dia seguinte a importante partida entre Ponte Preta e Santos seria exibida para Bandeirantes e Record, além de programar Palmeiras e São José num horário que não comprometesse a transmissão direta para a capital paulista.
Por fim, São Paulo e Ponte Preta, campeões em cada turno, decidiram o título paulista diante uma enorme platéia via televisão e isso não acontecia desde a final de 1978. Se o primeiro jogo só pôde ir ao ar em VT (sob incumbência das TVs Cultura e Gazeta), o segundo e decisivo jogo foi televisionado para todo o Brasil e inclusive para a capital paulista. A Rede Globo ofereceu Cr$ 15 milhões e conseguiu que os presidentes dos dois clubes (Jaime Franco do São Paulo e Edson Aggio da Ponte Preta) chegassem a um acordo, concordando com todas as exigências estabelecidas por ambos: Cr$ 7,5 milhões para cada equipe sendo Cr$ 2,5 milhões pelo direito de arena. A exclusividade Global pela transmissão do jogo foi consequencial e usou a final do Campeonato Paulista para "unir" a transmissão de outros dois jogos naquela mesma tarde de 29 de novembro de 1981: Tchecoslováquia e União Soviética pelas Eliminatórias da Copa do Mundo e um amistoso entre Corinthians e Deportivo Aurora da Guatemala, motivando uma chamada promocional veiculada no dia do jogo. As outras emissoras não ficaram de fora e exibiram o VT completo daquela decisão como faziam de costume: Cultura, Gazeta, Record e SBT. A Bandeirantes poderia também ter transmitido a final se empurrasse o Programa do Chacrinha uma hora mais tarde, mas manteve sua programação normal. A Ponte Preta foi o time que mais vezes apareceu com nove jogos transmitidos, seguido pelo São Paulo com oito, Guarani e Santos com sete, Corinthians com cinco, Palmeiras e São José com quatro, Botafogo de Ribeirão Preto com três, XV de Jaú e América de Rio Preto com dois e outros sete clubes (Portuguesa, Noroeste, Inter de Limeira, Taubaté, Francana, São Bento e Comercial) com apenas uma partida televisionada.
Nas transmissões dos jogos dos dois turnos do Campeonato Paulista de 1982, as TVs Record e Bandeirantes tinham que desembolsar Cr$ 3,6 milhões por jogo, sendo Cr$ 1,5 milhão para cada clube e mais Cr$ 600 mil como direito de arena a ser dividido entre os jogadores que entrarem em campo. E como as finais entre os campeões dos dois turnos Corinthians e São Paulo teriam casa cheia (no tempo em que o Morumbi tinha capacidade acima de 100 mil lugares), os dirigentes dos dois clubes e a Federação Paulista entraram em acordo e sem maiores dificuldades permitiram a transmissão dos dois jogos decisivos pelas redes Globo, Bandeirantes e Record para todo o Brasil inclusive para a capital paulista. A decisão custou Cr$ 60 milhões às emissoras de televisão e o custo foi dividido da seguinte maneira: cada time finalista recebeu a bagatela de Cr$ 24 milhões e todos os jogadores de ambas as equipes tinham que dividir o direito de arena de Cr$ 12 milhões.
Em janeiro de 1983, a Rede Globo investe Cr$ 1,5 bilhão num acordo de exclusividade com a CBF para a transmissão de partidas de 22 importantes clubes brasileiros no Campeonato Brasileiro de Futebol ao vivo às quartas e aos domingos, priorizando os jogos fora de casa por causa das normas restritivas (ainda existentes na época) que impediam a exibição direta para as localidades de onde estão acontecendo as partidas, caso houvessem mais jogos no mesmo horário. Os outros 22 participantes precisavam apenas autorizar as transmissões pela TV caso suas partidas tornem-se importantes no decorrer do campeonato.
Em 1984, com a mudança no regulamento da competição (sistema de pontos corridos em turno e returno), o interesse da televisão pelo Paulistão foi maior e a Federação Paulista instituiu uma novidade na aquisição dos direitos de transmissão: ofereceu um pacote de 22 partidas, sendo um por semana a ser transmitido ao vivo aos sábados à tarde de uma cidade do interior para a capital, por Cr$ 800 milhões. Esse montante foi dividido pela primeira vez em três cotas fixas por toda a competição e não mais por jogo, novidade na época: Cr$ 92 milhões foram oferecidos para São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Santos e Portuguesa (que reivindicou sua entrada no grupo dos "grandes" pouco antes da negociação), Cr$ 40 milhões para Ponte Preta e Guarani e Cr$ 20 milhões para os 13 times restantes. O assessor da Federação Paulista Armando Ferrentini foi quem negociou o contrato às quatro emissoras: Bandeirantes, Globo, Record e SBT, onde cada uma pagou Cr$ 200 milhões. As transmissões só foram autorizadas a partir da segunda rodada, mas por causa das Olimpíadas de Los Angeles, a televisão passou a concentrar suas atenções no Paulistão da oitava rodada adiante, com a entrada do SBT (que começava a se enveredar pra valer na cobertura esportiva), cujas transmissões se diferenciava do pool gerador de imagens de Globo, Bandeirantes e Record (que utilizavam três câmeras em conjunto) com o uso de quatro câmeras próprias (duas na cabine de transmissão e duas móveis captando os detalhes dentro de campo) e por abrir as transmissões ao vivo meia-hora antes com um pré-jogo e encerrá-las meia-hora depois com uma mesa-redonda sobre a partida com a presença de convidados especiais. As chamadas da emissora na época anunciavam "um futebol dinâmico e diferente" e as transmissões eram intituladas com o pomposo nome de "Show Mágico do Futebol".
Durante todo o campeonato, o Corinthians teve mais jogos transmitidos com sete, seguido de Santos e São Paulo com seis, Palmeiras com cinco, América de Rio Preto e XV de Jaú com três, Marília, Comercial, Guarani, Santo André e XV de Piracicaba com dois e outros sete times (São Bento, Portuguesa, Taquaritinga, Taubaté, Botafogo de Ribeirão Preto, Ferroviária e Ponte Preta) com apenas um jogo televisionado. Na última rodada foi aberta uma exceção quando foi permitida a transmissão direta de um jogo realizado na capital para cumprir tabela, isso na véspera do jogo decisivo quando as quatro redes ofereceram Cr$ 120 milhões acumulados na venda de cotas de publicidade (Cr$ 50 milhões da Globo, Cr$ 45 milhões da Band, Cr$ 20 milhões do SBT e Cr$ 5 milhões da Record) para Santos e Corinthians dividirem, que disputavam o topo da tabela, para a transmissão ao vivo da "final", desde que também complementem a renda do total jogo caso todos os ingressos não forem vendidos, segundo cláusula contratual da Federação Paulista de Futebol. A renda do jogo foi de Cr$ 419.323.500 e para cobrir o valor total de Cr$ 438.195.000, as quatro redes tiveram que rachar Cr$ 18.871.500. O pool contou com duas câmeras da TV Gazeta de São Paulo que fez a imagem-base para Globo e Record, já que Band e SBT optaram em exibir o jogo com suas próprias câmeras.
A Rede Bandeirantes teve o maior arsenal para a transmissão do jogo: 220 profissionais, 12 câmeras espalhadas pelo estádio e mais a do helicóptero, uma equipe de nove repórteres na Região do Morumbi com Gilson Ribeiro, Eduardo Savóia, Elia Júnior e Roberto Cabrini, narração de Luciano do Valle, comentários de Juarez Soares e foi montado um telão num estúdio com a participação de convidados e ex-jogadores famosos como Clodoaldo, Rivellino e Casagrande, além do cantor Fagner e o ator Raul Cortez. A Rede Globo mobilizou 100 profissionais, seis câmeras se unindo a imagem-base gerada pela TV Gazeta, narração de Luiz Alfredo, reportagens de Roberto Thomé e Mário Jorge Guimarães e o intervalo de jogo teve o comando de Oliveira Andrade.
O SBT levou ao Morumbi 50 profissionais e 6 câmeras próprias, narração de Octávio Pimentel (o "Caboclão" que ficaria famoso pelos programas de música sertaneja na Rádio Tupi), comentários de Juca Kfouri (então diretor de redação da revista Placar) e reportagens de Jorge Kajuru, que era a grande estrela das transmissões e tinha o costume de presentar com uma cartela de salsicha ao melhor jogador em campo, mas no jogo-final premiou o melhor em campo com Cr$ 1 milhão em dinheiro vivo. No estúdio da Vila Guilherme, o jornalista João Zanforlin comandou um pré-jogo com os lances dos dois times durante todo o campeonato e o intervalo de jogo com os melhores lances do primeiro tempo. Após a partida, Kfouri comandou uma rápida mesa-redonda analisando a partida com os treinadores Carlos Castilho (Santos) e Jair Picerni (Corinthians). E a TV Record detinha a menor equipe no estádio, apenas 13 profissionais, sem contar com uma equipe de apoio de 16 pessoas no estúdio da emissora, três câmeras móveis se unindo com a imagem-base da TV Gazeta, narração de Silvio Luiz, comentários de Ciro José e reportagens de Flávio Prado e Eli Coimbra. No estúdio do Aeroporto, o também narrador Fernando Solera marcava o tempo da bola em jogo e o veterano José Luís Meneghatti apresentava os melhores lances da partida no intervalo de jogo. A partida rendeu uma audiência de 60 pontos acumulados das quatro emissoras segundo o IBOPE de São Paulo: 26 pontos da Globo, 13 da Bandeirantes, 13 da Record e apenas oito do SBT.
Para o Campeonato Paulista de 1985, as redes Bandeirantes, Globo, Record e SBT apostaram numa cobertura total e ofereceram à Federação Paulista de Futebol um contrato conjunto de Cr$ 2,7 bilhões pela transmissão ao vivo de 41 jogos dos dois turnos (nas tardes de sábado e nas manhãs de domingo). A exemplo do ano anterior, o montante seria dividido em três cotas: Cr$ 335 milhões para os clubes "grandes" (Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos), Cr$ 220 milhões para o grupo dos times "intermediários" (Portuguesa, Guarani e Ponte Preta) e Cr$ 150 milhões para as outras 13 equipes participantes, sem contar mais Cr$ 100 milhões pela semifinal e Cr$ 300 milhões pela final (estes dois valores seriam divididos entre as equipes). O então presidente da Portuguesa, Oswaldo Teixeira Duarte, ficou descontente com as cotas de TV ao ver a sua Lusa colocada no grupo dos intermediários e reivindicava que seu clube fosse colocado no grupo dos "grandes", como havia acontecido um ano antes. Ele se negou em assinar o contrato com as emissoras e as proibiu de transmitir os VTs dos jogos da Portuguesa em prazo inferior a 72 horas (três dias) do final da partida, sujeitas a multa. Foi o que aconteceu com a Bandeirantes que foi multada em Cr$ 40 milhões por exibir um VT entre Santos e Portuguesa em 22 de setembro antes dos três dias exigidos. Ao todo, São Paulo e Palmeiras foram os recordistas de jogo exibidos pela TV com 10 cada um, Corinthians e Santos tiveram nove, seguidos de Guarani e Botafogo de Ribeirão Preto com cinco, Ponte Preta, América de Rio Preto, Comercial e XV de Jaú com quatro, Marília, Paulista de Jundiaí, Noroeste, Santo André e Ferroviária com três, São Bento e Inter de Limeira com dois e XV de Piracicaba e Juventus com apenas um.
Só que a Portuguesa tornou-se sensação da competição e foi decidir o título contra o São Paulo. O primeiro jogo não despertou interesse pois aconteceu no mesmo dia do sorteio dos grupos para a Copa do Mundo de 1986, mas a segunda partida em 22 de dezembro seria assunto nacional, só que o presidente da Portuguesa exigia o pagamento de Cr$ 485 milhões para a transmissão da decisão (Cr$ 150 milhões pela cota da partida e mais Cr$ 335 milhões pelo que teria deixado de receber durante toda a competição). As quatro emissoras concordaram em pagar uma compensação de valor que a Lusa deixou de receber durante todo o campeonato, só que a burocracia financeira só estava começando. O São Paulo queria a bagatela de Cr$ 400 milhões pelo jogo final (os Cr$ 150 milhões pela cota de transmissão e mais Cr$ 250 milhões pela liberação do sinal do jogo para todo o Brasil, dos quais Cr$ 150 milhões seriam pela presença em campo do jogador Falcão e Cr$ 100 milhões pelo direito de arena), exigia a presença da televisão ao vivo e ameaçou a entrar na Justiça e mover uma ação contra a Lusa por "perdas e danos". A proposta tricolor foi aceita pela Globo e propôs em transmitir a final também para a Europa através da Telemontecarlo, do Principado de Mônaco, de quebra ofereceu à Portuguesa Cr$ 15 milhões para liberar a imagem da final à emissora européia. Só que os dois clubes exigiram um valor total de Cr$ 885 milhões para transmissão ao vivo do jogo decisivo, até mesmo pela liberação do vídeo-tape do jogo, e se mostraram intransigentes com as negociações sem efeito das quatro emissoras de TV, que tentaram num último esforço oferecer Cr$ 360 milhões para a Lusa (Cr$ 150 milhões da cota e mais Cr$ 210 milhões de compensação pelo que deixou de receber durante todo o campeonato) e Cr$ 150 milhões para o São Paulo (apenas o valor da cota do jogo), mas a Portuguesa foi irredutível. Uma última proposta foi feita pela televisão como tentativa final de completar os Cr$ 335 milhões que a Portuguesa estava exigindo: mais Cr$ 125 milhões em forma de espaço de publicidade para serem utilizados como bem entendesse para completar o valor. Negócio negado. O segundo jogo começou com 18 minutos de atraso porque as emissoras tentaram oferecer os Cr$ 485 milhões que o presidente da Lusa estava exigindo, mas sem sucesso, ele recusou a oferta de última hora. A expectativa de liberação do sinal do jogo pela televisão em decisão de última hora acabou frustrando os telespectadores, porém, as emissoras eram autorizadas a emitirem apenas três minutos de imagens do jogo como material jornalistico. Em conseqüência, os jogadores da Portuguesa deixaram de dividir entre si Cr$ 50 milhões de direito de arena, enquanto que os jogadores do São Paulo receberiam Cr$ 150 milhões de bicho (no segundo jogo, o São Paulo deixou de ganhar Cr$ 80 milhões e a Lusa, Cr$ 96 milhões).
Por 30 anos, as regras restritivas da CBF assombraram os interesses da TV brasileira pelo futebol. Até o fim dos anos 80, era estritamente proibido o televisionamento de futebol na cidade onde ocorria uma outra partida no mesmo horário e isso durou até 1987. Fique sabendo os motivos que levaram a TV brasileira a essa tal conquista na próxima postagem. Continuem atentos!